Como é o ministério na era digital?

Voltar para Como é o ministério na era digital?

Dados do Ministério na Era Digital

Andrew Feng, Lara Heneveld, Rodrigo Tinoco & Danny Weiss

Dados Digitais, Mundo Digital

Em 2006, Clive Humbly, um matemático e empreendedor da ciência de dados, cunhou a expressão “dado é o novo petróleo”, proclamando o protagonismo dos dados na incipiente era digital. A Ciência de Dados ainda estava em seus estágios iniciais de desenvolvimento no Ocidente, e a igreja, como um todo, tinha uma relação desajeitada com as informações missionais. Se os frequentadores médios da igreja ocidental não tinham como ter uma consciência sobrenatural de como consumir ou questionar a existência de tal recurso, imagine seus irmãos congregantes do Sul Global.  Sabe-se que muitos no Mundo Majoritário tem uma relação frequentemente bem diferente com dados enquanto indústria ou ciência.

 Sabe-se que muitos no Mundo Majoritário tem uma relação frequentemente bem diferente com dados enquanto indústria ou ciência.

Historicamente, os dados ministeriais refletiam informações obtidas primariamente para plateias da missiologia ocidental, no sentido de que eles tratavam de temas como a presença evangélica, as preocupações sobre o acesso ao evangelho e a disponibilização das Escrituras, ou ainda o rastreamento das denominações em nível nacional. Os entusiastas do tema utilizavam os achados disponíveis para aplicá-los à estratégia missional ocidental. Estas informações eram frequentemente selecionadas tendo em mente um projeto, um enfoque ou uma estratégia específicos, mas muito desta informação era retida e protegida por quem a criava e publicava. Qualquer importância adicional exigia uma consciência externa de saber que estes recursos estavam disponíveis; é provável que não se conhecesse a forma como os dados globais eram selecionados e produzidos, com exceção do ministério onde esses dados foram coletados. De igual maneira, o valor dos dados pode ter passado imperceptível para plateias às quais eles não foram direcionados.

À medida que aumentava o apetite para dados globalmente acessíveis, abrangentes e consistentes, as bases de dados de missões acessíveis ao público ganharam destaque. Por exemplo, a Operation World1 e a World Christian Encyclopedia2 produziram volumes completos e impressos (e em uma ocasião em formato de cd)  que forneceram conteúdo de estímulo à oração, continuamente atualizado e publicado com certa periodicidade. No entanto, a própria existência e viabilidade de alguns destes dados ministeriais disponíveis dependiam da monetização do produto impresso que era disponibilizado. Na falta disto, alguns levantavam recursos próprios para financiar as pesquisas, outros buscavam patrocínio para projetos individuais, ou o trabalho era financiado por indivíduos.  Outras instituições, como a Global Mapping International (www.gmi.org), foram incapazes de continuar fornecendo serviço técnico essencial, bem como pesquisadores. Estes exemplos de trabalho garantiram merecida reputação ao mesmo tempo em que, involuntariamente, criaram uma predileção por líderes missionais falantes de língua inglesa e de mentalidade missional ocidental, por vezes às custas da participação global.

Então, em março de 2020, o mundo mudou e, com ele, a importância da era digital. As repercussões da covid impuseram um novo normal para movimentação, interação e engajamento.3 O tipo de dado em que as pessoas confiavam mudou, assim como a maneira como elas interagiam com tais dados4. Em alguns casos, a covid chegou a mudar aquilo em que as pessoas acreditavam. Nas semanas e nos meses após 15 de março de 2020, o mundo digital tornou-se não apenas o meio primordial de operação para troca de informação, mas também afetava praticamente todos os aspectos da nossa vida. As funções na igreja e na missão que tradicionalmente seriam realizadas exclusivamente de forma presencial foram interrompidas ou precisaram ser adaptadas. A covid afetou o local e a maneira em que os missionários poderiam ser enviados, bem como quem era capaz ou estava disposto de participar na “igreja”. 5 Ninguém sabia por quanto tempo esta interrupção duraria nem se um dia retornaríamos ao “normal”.

A covid alterou de diversas formas nossa relação com os dados ministeriais. Ocorreu uma erosão da confiança pública nas autoridades globais que lidavam com os dados, em parte devida à forma politizada com que a cobertura dos dados da pandemia foi feita.4 Tal fato estimulou uma reavaliação da metodologia de coleta e da validação dos dados de maneira geral.6,7 A covid permitiu o surgimento de novos modelos e padrões de comunicação, o que fez com que redes relacionais anteriormente distantes agora orbitassem mais próximas e de maneira transparente.  Questões e preocupações que perduravam em relação a dados missionais vetados tanto de líderes ocidentais quanto do Mundo Majoritário, agora se tornavam, sem dúvida, oportunidades para ação. Estas discussões ressaltaram o fato de que o mundo era capaz de mudar mais rapidamente do que os sistemas de dados e paradigmas existentes podiam espelhar esta mudança. De fato, como ideais de dados, a veracidade e a relevância em tempo real eram possíveis de ser alcançados? Em determinado momento, dados ministeriais já conhecidos foram questionados novamente. Será que os dados podem se tornar mais eficazes na informação da estratégia ministerial neste novo ambiente ou as bases de dados tradicionais serão relegadas a um lugar de crescente irrelevância à medida que o mundo continua a mudar?

 Os dados ministeriais, e também os ministérios de dados, se tornarão ainda mais essenciais do que antes, na medida em que o mundo digital reescreve, como o novo normal, a informação, o acesso e a conectividade relacional imediatos.

Tais mudanças amplificam a urgência da igreja global reavaliar a maneira como apoia e interage com dados enquanto ministério. Os dados integram pesquisas, informações e tecnologias que as forças cristãs emergentes usam para comunicação, educação, envio e aplicação de direcionamento estratégico ministerial. Os dados ministeriais, e também os ministérios de dados, se tornarão ainda mais essenciais do que antes, na medida em que o mundo digital reescreve, como o novo normal, a informação, o acesso e a conectividade relacional imediatos.

Transformação dos Dados Ministeriais

A quantidade mensurável de dados que os ministérios globais e suas equipes hoje são capazes de produzir é inédita, o que inclui de tudo: desde o engajamento evangélico digital até a busca de comunicadores orais para coordenadas de GPS de igrejas domésticas. E essa quantidade de dados continuará a se expandir, já que novas necessidades ministeriais são reveladas e mais trabalhadores surgem para inovar. A acessibilidade global dos dados está transformando a maneira como os dados são coletados, interpretados e estrategicamente aplicados. Como o corpo de Cristo continuamente se expande e diversifica, o objetivo para esses dados globais é de que sejam bem administrados, com domínio adequado e cuja utilização pelo corpo reflita melhor a igreja de hoje.

Além disso, apenas na última década, houve um crescimento e um amadurecimento de novos campos de estudo e expertise sobre a ciência de dados, a análise e a engenharia de dados. Avanços recentes em inteligência artificial e aprendizagem de máquina impulsionou ainda mais o campo dos dados a um crescimento rumo a fronteiras, hoje, inimagináveis. De fato, no momento em que este artigo está sendo lido nós devemos antecipar se as nossas perspectivas atuais sobre dados ministeriais globais ainda serão relevantes.

A igreja global está numa importante encruzilhada no que diz respeito à revolução moderna dos dados. Ela se posiciona hoje diante da herança de um grupo central de bases de dados construídas por um seleto grupo de trabalhadores dedicados (quase nenhum assalariado), e de um futuro em que as oportunidades e aplicações para os dados ministeriais globais e o acesso aos talentos de um grande número de profissionais dos dados são aparentemente infinitas. Num mundo emergente onde tudo é computável, a relevância de dados em tempo real é absolutamente obrigatória para a estratégia ministerial informada. A questão aqui não é bem de relevância ou coleta de dados, mas sim de interpretação e integração de dados. A igreja deve estar adequadamente equipada – com pessoas e ferramentas – para navegar esta nova era.

As competências principais de letramento em dados, coleta de dados e, especificamente, de interpretação de dados tornam-se funções ministeriais inequivocamente essenciais à igreja global. A organização Community of Mission Information Workers (CMIW, Comunidade de Obreiros em Informações para Missões)8 chama a atenção do corpo de Cristo para a necessidade de engajar e equipar a igreja local no ministério de dados, como um elemento essencial de facilitação dos esforços da Grande Comissão para as décadas vindouras. O ministério de dados deve estar incorporado à estrutura da igreja global de hoje que está amadurecendo.

Consolidação de Dados Globais, Multiplicação de Dados Locais

Alguns desenvolvimentos que lidam com dados ministeriais justificam uma atenção especial.

Consolidação de dados ministeriais globais e regionais em forma de recursos essenciais

Algumas fontes como o Joshua Project9, o Global Status of Evangelical Christianity (GSEC) como reportado pelo International Missions Board (IMB) para os Batistas do Sul (dos EUA),10 a Cooperación Misionera Iberoamericana (COMIBAM),11 e o Movement for African National Initiatives (MANI)12 são utilizados com frequência para estratégias de discipulado e plantação de igrejas. Outros trabalhos e fontes, como o Center for the Study of Global Christianity,13 o Ethnologue,14 e o Progress Bible15 têm um foco mais acadêmico em suas pesquisas. Nós reconhecemos que nem todas são fontes ocidentais nem todas tem escopos globais; este movimento em direção à inclusão é um desdobramento bem-vindo. Estes recursos são a espinha dorsal de muitas estratégias ministeriais bem elaboradas e financiadas, às vezes ao ponto de até de ganharem predominância sobre o conhecimento e as realidades do povo que elas se empenham em representar. O desafio para estas bases de dados de reputação global será o esforço de manter-se como uma representação acurada enquanto sua influência e autoridade se expandem e se consolidam.

Rápida expansão do que são dados ministeriais propriamente ditos

Este item inclui o que é mensurável e o que vale a pena ser medido; como o dado pode ser identificado, quem pode acessá-lo ou efetuá-lo. Consequentemente, há uma crescente preferência por pesquisa de primeira mão e suas fontes de dados. Oportunidades para dados gerados por crowdsourcing16 estão tendo destaque e o foco deste nicho demonstra como os dados frequentemente precisam ser específicos para as necessidades de um ministério. Projetos que antes eram considerados de menor prioridade, difíceis de financiar ou impraticáveis sob o aspecto de apoio por vias tradicionais agora podem ser capturados através de inovações técnicas tão simples e acessíveis quanto as ferramentas de GPS disponíveis em smartphones.17

Ambas as melhorias — o movimento em direção a uma consolidação dos dados globais e a multiplicação das oportunidades para dados locais—estão atendendo necessidades prementes e talvez sejam o próximo passo na evolução dos dados e da informação. Entretanto, elas também possuem o potencial de entrar em desnecessário desacordo entre si. Mas isto não precisa necessariamente acontecer já que ambas têm valor estratégico, se promovidas de maneira interdependente.

Valor e desafio dos dados globais

As bases de dados globais têm grande valor na construção de consenso, já que fornecem uma visão ampla e ajudam a informar as estratégias de alto nível e a alocação de recursos. Ao mesmo tempo, as fontes de dados estão longe de serem infalíveis, o que pode ser contraintuitivo para alguns usuários finais. Os estrategistas de missões cristãs dependem da informação para terem uma perspectiva, para tomada de decisão estratégica, para envio, e até para financiamento de projetos, independentemente se tais bases de dados são imperfeitas ou não disponíveis em “tempo real”. Claro que prover informações perfeitas é algo mais fácil na teoria do que na prática.

Os dados globais são difíceis de coletar, e as organizações e redes que ajudam na coleta tem, em sua maioria, pouco pessoal, poucas finanças e poucos recursos; o que exige imensa dose de contribuições, curadoria e contexto. O que pode não ser prontamente entendido por aqueles que usam a informação missional é que cada pedaço de informação pode ser selecionado e ajustado para atender a cada contexto retirado do todo. Por sua própria natureza, as bases de dados globais exigem um acordo da terminologia e das métricas, que nem sempre refletem atualmente as nuances únicas de cada comunidade ou situação. Isto não quer dizer que sejam intrinsecamente equivocadas, já que detalhes estatísticos, populações e alterações demográficas ocorrem constantemente e tais elementos precisam ser reconciliados. Porém, na realidade, qualquer um que possua ou selecione os dados detém e informa a perspectiva que eles refletem. Isto pode resultar em uma distorção acidental, omissão ou lapso. Isto não apenas cria oportunidade para estratégias desalinhadas, mas também pode perpetuar um desconforto entre as comunidades locais e as autoridades de dados que alegam representá-las. É necessário dizer que qualquer efeito colateral da consolidação de dados globais era imprevisível e não intencional.

Ocasionalmente modelos de financiamento exigem acesso pago, e a confidencialidade se torna um obstáculo grande o suficiente a ponto de até mesmo a acessibilidade pública básica aos dados ministeriais (especialmente para a igreja do Mundo Majoritário) tornar-se um grande obstáculo. Como a utilidade e a relevância dos dados globais podem ser confiáveis se as comunidades locais enfrentam barreiras que dificultam sua contribuição para ou acesso às bases de dados globais?

Valor e desafio dos dados locais

Contrariamente, o valor de dados locais ou dados particulares reside na proximidade da real fonte da verdade, não apenas geográfica ou contextualmente, mas temporariamente também. Uma pessoa que vive atualmente num clã Romani no Leste Europeu, numa vila na África Ocidental, num jati na Índia ou é de uma geração específica na China, todos tem prioridades diferentes quanto a suas auto-representações. Isto pode mudar mais rapidamente do que as bases de dados globais são capazes de acompanhar. Dados particulares (locais) destacam não apenas precisão e nuances na descrição e na identificação, mas também na propriedade local. Neste sentido, os dados não só são valorados, interpretados e comunicados em nível local, mas também pertencem a este nível local; a validação externa torna-se secundária. Os dados não são retirados das comunidades, pelo contrário, elas têm seus próprios dados e sua própria forma de gerenciá-los. Isto pode refletir qualquer coisa desde terminologia, métricas usadas, metodologia de coleta, direitos de distribuição e aplicação estratégica. A desvantagem aqui é que a agregação global e “um lugar ao sol” entre os dados globais geralmente custa o direito da propriedade local e a auto-identificação.

Ao contrário dos dados globais, os dados locais enfrentam uma limitação intencional em seu escopo. A falta de padrão em terminologia, métrica e metodologia de coleta pode tornar a agregação difícil até que a normalização e a transformação dos dados ocorram. Os dados locais e os dados particulares se tornam difíceis de integrar, encontram barreiras de baixa operabilidade e multiplicam as potenciais barreiras de acesso e validação. Ironicamente, uma enxurrada de diferentes fontes pode, sem querer, subverter a clareza da estratégia ministerial ao criar discórdia e desunião, se houver incompatibilidade. Deve-se notar, no entanto, que incompatibilidade e desvio são algo normal dentro da ciência de dados. Entretanto, ao se multiplicarem as vozes, as plataformas, as aplicações e as conexões entre diferentes bases de dados sem cuidadosa intencionalidade, corre-se o risco de comprometer a integridade ou a utilidade de toda a plataforma de informações ministeriais. O resultado desta ação seria o caos estratégico, que seria catastrófico para a estratégica missionária global.

Os dados locais também trarão destaque à questão de segurança e confidencialidade. Dados granulares podem ser efetivamente usados para a estratégia ministerial como também podem ser usados contra os ministérios. Existem questionamentos sobre o que uma maior acessibilidade aos dados pode causar, por exemplo, quanto a restrições ou limitações indevidas (ou até mesmo um impedimento) a oportunidades ministeriais. A propriedade, a gestão e o acesso a dados são preocupações bastante legítimas, e podem até haver situações nas quais dados locais ou particulares sejam melhor mantidos “longe dos olhos” do acesso global. Encontrar o equilíbrio ideal entre visibilidade e confidencialidade é e continuará sendo um ponto de tensão. Talvez haverá um futuro próximo em que os sistemas de dados acomodarão as necessidades e os desafios de ambos sistemas de dados globais e os conhecimentos de dados locais. Nós, como uma comunidade de informação missionária, sentimos que este é o caminho a frente.

Dados como um Ministério da Igreja Global

A tensão entre os méritos dos dados globais e locais será um tema essencial a ser enfrentado e difundido à medida que a igreja lida com as implicações dos dados ministeriais numa era digital. Frequentemente, os dados globais e os dados locais são naturalmente vistos como inimigos um do outro, especialmente quando a igreja é forçada a escolher entre dois valores concorrentes ou dois sistemas de dados concorrentes na busca por uma única fonte de verdade. Porém, quanto mais os dados ministeriais servirem a diferentes propósitos ou perspectivas, o equilíbrio entre sistemas ou bases de dados variados ou conflitantes será algo que a igreja precisará assimilar. Será que novos sistemas e abordagens de dados serão descobertos para que sejam possíveis essas discrepâncias? Nós esperamos que sim.

Subvalorizando e subfinanciando dados enquanto ministério

A falsa dicotomia entre dados globais e locais é alimentada principalmente por uma mentalidade de pobreza, há muito perpetuada, em relação a financiar um ministério de dados e a criar a capacidade de coleta, análise e interpretação destes. Se a igreja global não tem o valor, a capacidade ou desejo de financiar a boa gestão do trabalho de informação missionária, então os dados ministeriais serão infimamente reduzidos – uma mera lista escrita a partir de uma perspectiva simples não adaptada de um mundo que está se tornando cada vez mais complexo; o que ocorrerá para prejuízo da própria igreja.

Subvalorizar e subfinanciar um ministério de dados pode prejudicar severamente as oportunidades que temos, como membros da igreja global, de desenvolver a visão e a estratégia da Grande Comissão. Os dados podem e devem servir à igreja de formas muitos variadas. Eles podem servir como um índice ou repositório global, ou eles podem trazer informações para uma melhor estratégia em nível local quanto a determinados temas, paradigmas ou causas defendidos por um contingente local. Os dados podem servir como uma plataforma para a inclusividade ou para colaboração coletiva, ou podem servir para demonstrar autoridade e credibilidade. Também podem identificar tendências, predizer o futuro e ajudar a promover a representatividade. Muitas bases de dados conflitantes podem, na verdade, ajudar a aprimorar a precisão ao oferecer diferentes perspectivas e ao estimular maior colaboração.

Acolhendo e apoiando o ministério de dados

O  maior inimigo da utilidade dos robustos dados ministeriais é a falta de valor e de investimento no letramento em dados na igreja global. Um ministério de dados propriamente dito é visto em toda a Escritura como um presente de Deus, desde a coleta do censo, passando por plantas arquitetônicas, até o registro de ancestralidades. O ministério de dados deve ser acolhido, alimentado, gerenciado e patrocinado. Sua capacidade deve ser expandida através da generosidade e de mãos abertas. Alguns dos componentes de um ministério saudável e essencial ao serviço do corpo de Cristo são: compartilhamento de dados, ensino de dados, interoperabilidade de dados, acesso a dados, contribuição de dados e gestão de dados.

Ao utilizar tecnologias e plataformas existentes e ferramentas de conectividade correlatas, o ministério de dados pode ser adequadamente desenvolvido. Programas online de educação sobre dados podem ser incluídos como pilares na educação ministerial. Além disso, aqueles que já trabalham com informação ministerial podem permanecer abertos a novas e até extraordinárias oportunidades que as novas ferramentas e perspectivas podem trazer, reconhecendo que tais oportunidades são reveladas e direcionadas pelo Espírito Santo. Na promoção de padrões e interoperabilidade dos dados, novas vozes e perspectivas podem ser valorizadas e adicionadas sem comprometer a integridade existente do sistema de dados missional como é hoje.

O corpo de Cristo poderia, na medida da sua capacidade, apoiar o reconhecimento das competências de dados não apenas em ministérios locais, mas também nas redes globais? Nós assim reconhecemos como uma parte do desenvolvimento e da maturidade da igreja global. Nós, porém, não devemos nos esquecer a que estes dados estão, em última instância, servindo ou a quem estão representando – a glória de Deus refletida pela noiva de Cristo.

Apoiar um ministério de dados é apoiar o sistema nervoso central do corpo de Cristo, um sistema que apoia a funcionalidade de quase todo o aspecto da comunidade missional global. Ele é indispensável para o cumprimento da Grande Comissão. Nas próximas décadas, o ministério de informação missional deverá ser priorizado, valorizado e incluído como parte integral do discipulado e do processo de amadurecimento da igreja global, para a igreja global, e deve ser de propriedade da igreja global. Nós subestimamos o valor dos dados, enquanto ministério da igreja global, para o nosso próprio prejuízo. A boa gestão dos dados da Grande Comissão é mais indispensável do que nunca para a busca da estratégia da Grande Comissão nesta era digital.

Notas Finais

  1. Jason Mandryk. Operation World: The Definitive Prayer Guide to Every Nation. Downers Grove: InterVarsity Press, 2010.
  2. Todd M. Johnson and Gina Zurlo, eds. “World Christian Encyclopedia Online.” World Christian Encyclopedia Online, (Leiden, The Netherlands: Brill, n.d.). Acessado em 21/06/2023, https://brill.com/view/db/wceo. 
  3. Fortune Business Insights. “O impacto da covid está acelerando a tendência de conectividade digital e irá influenciar o crescimento do mercado de tecnologia da informação no futuro próximo.” Acessado em 21/06/2023. https://www.fortunebusinessinsights.com/impact-of-covid-19-on-information-communication-and-technology-ict-industry-102769.
  4. Richard Edelman. “Pandemic Fuels Culture of Institutional Mistrust.” World Economic Forum. January 13, 2021. https://www.weforum.org/agenda/2021/01/pandemic-mistrust-government-global-survey/.
  5. “Calvary Chapel Dayton Valley vs Sisolak.” Última modificação em 24/07/2020. https://www.supremecourt.gov/opinions/19pdf/19a1070_08l1.pdf#page=12#page=13.
  6. Samuel Escobar. Changing Tides: Latin America and World Mission Today, 2002.
  7. Lausanne Movement, “Len Bartlotti – Lausanne Movement.” Acessado em 05/07/2023, https://lausanne.org/leader/len-bartlotti.
  8. “Bem vindo à Comunidade de Obreiros de Informações para Missões”n.d. https://www.globalcmiw.org/pt-br
  9. Joshua Project. “Joshua Project: People Groups of the World | Joshua Project.” https://joshuaproject.net/.
  10. PeopleGroups.org. “PeopleGroups.Org.” https://www.peoplegroups.org/.
  11. “Comibam Internacional – Cooperação Missionária Ibero-americana.” https://comibam.org/pt/.
  12. “O Movimento para Iniciativas Nacionais Africanas (MANI) é uma rede de redes com foco em promover iniciativas nacionais africanas e em mobilizar recursos do corpo de Cristo na África para o cumprimento da Grande Comissão.” https://maniafrica.com/.
  13. Centro para Estudo do Cristianismo Global. “Center for the Study of Global Christianity | Gordon-Conwell Theological Seminary.” Última modificação em 27/06/2022. https://www.gordonconwell.edu/center-for-global-christianity.
  14. Ethnologue (Free All). “The World.” https://www.ethnologue.com/.
  15. ProgressBible. “ProgressBible.” https://progress.bible/.
  16. “Etnopedia – Unreached People Profile Translation.” https://etnopedia.org/.
  17. Fred Zahradnik. “GPS for Driving, Sports, and Boating.” Lifewire. Última modificação em 29/01/ 2020. https://www.lifewire.com/gps-for-driving-and-sports-1683301.

Autoria (bio)

Andrew Feng

Andrew Feng serve como Diretor da Indigitous nos EUA, organização que interage com jovens líderes para que usem seus dons além das paredes da igreja. Andrew é conselheiro de estratégia global e parcerias para colaboração em massa. Ele tem explorado a possibilidade de missões de colaboração coletiva (crowdsourcing) via trabalho remoto.

Lara Heneveld

Lara Heneveld trabalha com informação missional, junto à organização Team Expansion. Ela é co-facilitadora para a Comunidade de Trabalhadores da Informação Missional; Lara também apoia o Harvest Information Standards, e já dirigiu um trabalho sobre curadoria de dados e pesquisadores para o Finishing the Task entre os anos de 2007-2019. Seus mentores incluem Dr Paul Eshleman, Dr Jim Haney, Dan Scribner e Chris Maynard.

Rodrigo Tinoco

Rodrigo Tinoco trabalha com informação missional e é missionário da SEPAL. No Brasil, ele é o Coordenador Nacional da Fé Vem pelo Ouvir e é afiliado às alianças de informação CMIW (Global) e APeM (Brasil). Pesquisador de línguas latino-americanas, Rodrigo já trabalhou por 10 anos na Ásia e nos EUA, e atualmente está no Brasil. Ele é casado com Sarah e juntos tem 4 filhos.

Danny Weiss

Danny Weiss trabalha na área transversal entre integração, interpretação e visualização de informações missionais. Já foi diretor de projetos da Stratus.earth for Radical, atualmente Danny trabalha na pesquisa e aplicação de tendências demográficas e sobreposição multilinguista para a unfoldingWord, um ministério dedicado a dar recursos e equipar a Igreja Global para que suas necessidades de tradução sejam atendidas.

Navigation