A Ascensão da Ásia
Crescimento Econômico e Problemas Sociais na Ásia
A Ásia é o maior continente no mundo. De todas as oito bilhões de pessoas que formam a população mundial hoje, 60% vivem na Ásia, e 92% da população asiática está no sul, no leste e no sudeste do continente. Estas proporções podem não ser bem percebidas pela maioria das pessoas que vivem na Ásia ou em outro lugar, sejam líderes ou leigas, estejam elas envolvidas em missões cristãs ou não. Existem várias razões para a falta de compreensão destes simples fatos e de sua enorme significância. Apesar destas razões não serem exaustivamente tratadas neste artigo, nós queremos apenas convidar nossos leitores a olhar mais de perto a Ásia, sob uma nova perspectiva.
Crescimento Econômico
A ascensão das economias asiáticas foi foco de muita atenção. O Japão foi o primeiro país asiático a se industrializar. Depois de mais de um século de desenvolvimento econômico, o PIB (produto interno bruto) nominal do Japão permaneceu o terceiro maior do mundo, maior do que o da Alemanha, dos Estados Unidos ou da França. Desde os anos 1980, a China se tornou a segunda maior economia mundial e poderá ultrapassar a liderança dos Estados Unidos, possivelmente, na próxima década. Na segunda metade do século XX, os quatro Tigres Asiáticos (ou quatro Pequenos Dragões) – Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan – mantiveram altos níveis de crescimento econômico e se juntaram ao grupo das sociedades mais ricas do mundo.
Seguindo os modelos dos Tigres Asiáticos, as economias dos Novos Tigres Asiáticos – Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnam – tem mantido um crescimento constante nas décadas recentes. A economia da Índia se agigantou. Se o crescimento econômico continuar nas próximas décadas, até 2040 a Ásia poderá produzir metade do PIB global. Projeta-se que, em 2050, as maiores economias mundiais serão China, EUA, Índia, Indonésia e Alemanha.
No entanto, existem algumas incertezas em relação ao contínuo crescimento econômico na Ásia por causa de políticas domésticas e relações internacionais. De fato, a Ásia Central é assolada por conflitos domésticos e a Ásia Ocidental tem envolvido em guerras há décadas. Além disso, o desenvolvimento econômico é irregular, e a desigualdade econômica permanece um fenômeno social comum.
O crescimento econômico tem causado uma série de mudanças drásticas sociais. A mais visível delas é a urbanização. A Ásia Oriental e o Pacífico formam a região de urbanização mais rápida no mundo, com mais de 50% da população agora vivendo em áreas urbanas.
Até 2050, 68% da população mundial estará vivendo em áreas urbanas e a maior parte deste aumento acontecerá na Ásia. O número de cidades cresceu, o tamanho das cidades também e algumas metrópoles se expandiram em megalópoles e conurbações que conectam várias cidades maiores e menores. Sete das maiores metrópoles do mundo estão na Ásia: Tóquio, Déli, Xangai, Pequim, Osaka, Mumbai e Daca; e cada uma delas tem mais de 20 milhões de habitantes. Os estilos tradicionais de vida em comunidades pré-industriais não podem mais continuar como eram, e a cada ano milhões de novos residentes urbanos devem aprender a percorrer o novo arranjo urbano e a viver na diversidade cultural. As centenas de milhões que ainda permanecem nas áreas rurais também estão percebendo seu estilo de vida se alterar junto com o desenvolvimento econômico. Enquanto isso, na maioria das áreas urbanas e nas regiões rurais subdesenvolvidas, há um significativo número de pessoas vivendo na pobreza.
A segunda mudança mais óbvia que acontece junto com o crescimento econômico e com a urbanização é a rápida ascensão da nova classe média. Em 2020, cerca de 2 bilhões de asiáticos eram considerados membros da classe média, com base nos níveis de renda. Até 2030, este número poderá subir a 3,5 bilhões, representando dois terços da classe média mundial. Em comparação, nas Américas essa mesma classificação de classe média por níveis de renda deverá abarcar apenas 689 milhões de pessoas em 2030. A nova classe média asiática apresenta enormes mercados consumidores, de modo que ela define estratégias empresariais e impulsiona as relações internacionais tanto de países desenvolvidos e quanto em desenvolvimento. Espera-se dos membros da classe média que tenham mais apetite por novas tecnologias e atitudes mais inclusivas quanto a culturas e estilos de vida diferentes.
No topo da pirâmide da riqueza estão os milionários e bilionários (em dólares americanos). A Ásia lidera o crescimento das categorias dos ricos e super-ricos. Desde cerca de 2010 existem mais milionários na região Ásia-Pacífico do que na América do Norte ou na Europa.1
Estima-se que o número de milionários na Ásia passe de 30 milhões hoje para 76 milhões em 2030. Em Singapura, 13,4% da população deve se tornar milionária, e China e Índia terão os maiores números de milionários em termos absolutos. Enquanto isso, “a Ásia tem mais de 950 bilionários, ultrapassando todas as outras regiões”.2 Entre os milionários e os bilionários estão os multimilionários, que são primariamente formados por gigantes da tecnologia, financistas, CEOs globais e herdeiros dos super-ricos. De acordo com um relatório, os EUA tem o maior número de multimilionários (9.730), seguidos de China (2.021), Índia (1.132), Reino Unido (968), Alemanha (966), Suíça (808), Japão (765), Canadá (541), Austrália (463) e Rússia (435).3 Os multimilionários estão mais propensos a estabelecer residência em vários países, já que o viver multinacional é essencial para as estratégias de gerenciamento de suas riquezas. Eles são importantes mobilizadores do desenvolvimento econômico nacional, regional e global, das mudanças políticas, e das relações internacionais.
Desenvolvimento Demográfico
Junto com o desenvolvimento econômico desigual e a rápida urbanização, as populações asiáticas também estão em movimento. Grandes quantidades de pessoas tem migrado tanto dentro do país quanto para o outro lado das fronteiras nacionais. De acordo com o censo chinês de 2020, havia uma população flutuante de 376 milhões – trabalhadores migrantes que mudavam de local em busca de emprego. Uma população aproximada de 24 milhões de trabalhadores migrantes internacionais estavam alocados na região Ásia-Pacífico. Sete milhões de estudantes estavam fazendo seus estudos fora de seus países de origem. Nos Estados Unidos, 70% dos estudantes internacionais são originários da Ásia. Havia também 5,5 milhões de refugiados e requerentes a asilo vindos da Ásia, que foram forçadamente deslocados em razão de conflitos e guerras, como a do Afeganistão e de Myanmar.4 As diásporas asiáticas nas Américas, na Europa e na África tornaram-se presenças significativas em muitos países e elas constituem um importante papel nas sociedades locais porque fazem um elo entre seus países de residência e os de origem.
Junto com a prosperidade crescente, também tem ocorrido um rápido declínio das taxas de mortalidade e de fertilidade, o que tem levado ao envelhecimento da sociedade. Em 2020, nove dos dez países com maior população acima de 65 anos de idade estavam na Ásia: China (172 milhões), Índia (91 milhões), Japão (35 milhões), Rússia (23 milhões), Indonésia (17 milhões), Paquistão (10 milhões), Tailândia (9 milhões), Bangladesh (8 milhões), e Coreia do Sul (8 milhões). Até 2050, uma em cada quatro pessoas na Ásia, ou 1,3 bilhão de pessoas, terá mais de 60 anos de idade.
As taxas de natalidade caíram drasticamente na Ásia. Embora a taxa de fertilidade total abaixo de 2,1 crianças por pessoa para sustentar a substituição geracional da população seja a regra em economias avançadas, taxas ainda mais baixas são encontradas no leste da Ásia, com apenas 1,2 nascimento por mulher. A menor taxa de fertilidade no mundo é a da Coreia do Sul, flutuando entre 0,7 e 0,9. Singapura, Hong Kong, Taiwan e Japão vem logo em seguida, junto com a China, cuja taxa de natalidade foi de 1,3 em 2020. De fato, cerca de três em cada 10 mulheres no Japão, em Hong Kong e em Singapura são definitivamente sem filhos. Muitos demógrafos e economistas dos mercados de trabalho tem demonstrado preocupação sobre a iminente crise populacional no leste da Ásia. As oscilantes estruturas populacionais acarretarão consequências importantes para a vida comunitária e a estabilidade social.
Pluralismo Religioso
A Ásia é a casa de numerosas civilizações da era axial. As religiões abraâmicas do judaísmo, cristianismo e islamismo originadas no sul da Ásia, o hinduísmo e o budismo originados no Sul da Ásia, o confucionismo e o daoismo originados no leste asiático, e também religiões folclóricas e xamânicas rapidamente se espalharam pelas sociedades asiáticas. O crescimento econômico na Ásia tem revigorado culturas tradicionais, incluindo as religiões tradicionais. Enquanto isso, o ateísmo continua sendo a ideologia oficial na China, no Vietnã e na Coreia do Norte. Produtos asiáticos como filmes, culinária e práticas de yoga, tai chi e taekwondo tornaram-se populares no Ocidente. Além disso, o budismo, especialmente as várias tradições que se formaram ou se transformaram no leste asiático, encontrou incrível receptividade na Europa e na América do Norte. Temas como carma e reencarnação entraram na consciência cultural de muitas pessoas no Ocidente. Por outro lado, o cristianismo tem crescido na maioria das sociedades asiáticas e das comunidades da diáspora ao redor do globo.
Nos últimos anos e no futuro próximo, os problemas de crescimento econômico e sociais na Ásia foram e serão mais evidentes na República Popular da China (China continental). Além da crise populacional mencionada anteriormente, a ascensão da Ásia trouxe consigo elevados riscos de guerras. Após décadas de paz na ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial, o crescente nacionalismo nas economias que despontam pode levar a rivalidades geopolíticas, ameaças nucleares e guerra em algumas áreas do sul, do leste e do sudeste asiático.
Missões Cristãs no Leste Asiático
O mundo sofreu dramáticas mudanças e ainda está mudando em todas as áreas da civilização humana. A Ásia também mudou significativamente nos últimos 50 anos em relação a conflitos políticos, desenvolvimento socioeconômico, avanços científicos e educacionais, e o ressurgimento das religiões asiáticas vivas. Desde a Segunda Guerra Mundial, alguns países na Ásia experimentaram rápido crescimento das igrejas, enquanto, em outros países, houve um declínio.
Rápido Crescimento da Igreja
É animador observar o rápido crescimento da igreja em várias nações asiáticas.
Igreja Coreana
A Coreia, que foi uma das nações mais pobres no mundo durante a Guerra da Coreia (1950–1953) com um PNB (produto nacional bruto) de US$ 67 em 1953, tornou-se uma das dez nações mais ricas no mundo com um PNB de US$ 34.189 em 2022. Antes dos dois primeiros missionários presbiterianos americanos (Horace Underwood e Henry G. Appenzeller) chegarem ao Porto de Incheon no domingo de páscoa de 1885, os coreanos seguiam o budismo, o confucionismo e o xamanismo. No entanto, o Movimento de Evangelização Total da igreja coreana nos anos 1970 resultou em rápido crescimento, que ficou evidente com a conhecida frase “Seis novas igrejas todo dia”. Em 2017, havia 10 milhões de protestantes com 60.000 igrejas e 5,8 milhões de católicos romanos que perfaziam 11% dos 50 milhões de habitantes da população total da Coreia.5
Igreja Filipina
A Espanha colonizou as Filipinas por 333 anos (1565–1898). A população católica contabilizava mais de 81% dos 110 milhões de habitantes em 2022. Os Estados Unidos da América colonizou o país desde 1898 até a invasão japonesa em 1942. As Filipinas é a nação mais cristianizada da Ásia. Os protestantes filipinos representam cerca de 11–12% da população. Com um baixo PNB de US$ 3.460 (2021), existem 10 milhões de filipinos em diáspora, incluindo um milhão no Oriente Médio.
Igreja de Singapura
A nação-ilha com 5,7 milhões de habitantes tinha uma população cristã de 19% em 2020. Dentre estes, 63% eram protestantes e 37% católicos. Em 2016, 67% dos cristãos singapurianos eram graduados de universidades, pessoas de classe média-alta com elevado nível de instrução. A maioria dos cristãos é de origem étnica chinesa (74%); o governo do país é muito sensível ao fato dos cristãos chineses que pregam aos malaios (13%). As igrejas pentecostais e o movimento carismático na igreja anglicana trouxeram renovação espiritual e crescimento à igreja. Com o maior PNB de US$ 54.920 (2020) na Ásia, os cristãos de Singapura enfrentam o materialismo com um desafio à sua fé.
Igreja de Hong Kong
Hong Kong esteve sob o domínio colonial britânico até 1997 quando se tornou Região Administrativa Especial da República Popular da China. Entre os 7,4 milhões de habitantes atuais, cerca de 15% ou mais são cristãos, dois terços deles são protestantes e um terço católicos. Até recentemente, as várias igrejas, organizações paraeclesiásticas, editoras cristãs e os seminários serviram como base de treinamento para ministérios cristãos e missões para a China continental e as diásporas chinesas. O Centro Chinês de Coordenação de Evangelismo Mundial (CCCOWE, na sigla em inglês) trabalhou em parceria com as igrejas cristãs chinesas ao redor do mundo e encorajou o evangelismo das diásporas chinesas e as missões transculturais. Entretanto, o câmbio político para maior integração com a China continental nos últimos anos tornou muito difícil para Hong Kong continuar sendo a base de treinamento para missões cristãs. Isto também causou a emigração de muitas pessoas, incluindo cristãos.
Igreja de Taiwan
Após a Segunda Guerra Mundial, o cristianismo cresceu rapidamente em Taiwan até o final dos anos 1960. Os anos 1970 se iniciaram com crises políticas quando a República da China em Taiwan perdeu sua membresia nas Nações Unidas para a República Popular da China. O crescimento do cristianismo estagnou em meio à turbulência social, à repressão política e à emigração. A população cristã variou cerca de 5% do total da população de 23,6 milhões de habitantes. Os cristãos de várias tradições e origens sociais tiverem diferentes mas significativos papéis na transição democrática entre os anos de 1970 e 1990. Desde a suspensão da lei marcial de 1987, Taiwan tornou-se uma das sociedades mais livres no mundo, em termos de participação religiosa, política e de imprensa. Muitas religiões tradicionais e também novas estão florescendo. O cristianismo cresceu, apesar de lentamente. Algumas igrejas carismáticas cresceram significativamente e plantaram várias igrejas em Taiwan e comunidades de diáspora ao redor do Círculo do Pacífico.
Igreja da China
A China continental está sob o regime comunista deste 1949, quando havia cerca de um milhão de protestantes e três milhões de católicos. Nas primeiras três décadas, havia severa supressão de todas as religiões, incluindo um período de proibição entre 1966 and 1979. Na era das reformas econômicas e da abertura externa, no final dos anos 1970 e início dos anos 2010, as cinco maiores religiões foram permitidas pelas autoridades, o que incluiu o cristianismo (protestantismo) e o catolicismo. O cristianismo viu um crescimento extraordinário na era da reforma. De acordo com autoridades ligadas ao partido chinês, havia 3 milhões de protestantes e 3 milhões de católicos por volta de 1980. Em 2010, o número de protestantes alcançou 58 milhões e o de católicos passou para 9 milhões, segundo as estimativas do Pew Research Center, o que representaria 5% da população total. Várias outras fontes deram estimativas muito mais altas. Se o crescimento cristão continuar a uma taxa bem modesta, em uma ou duas décadas haverá mais cristãos na China do que em qualquer outro país no mundo.
Na nova era sob o regime de Xi Jinping desde 2012, as igrejas cristãs estão debaixo de uma tremenda repressão. As igrejas oficialmente aprovadas estão também sob um rígido controle; igrejas domésticas estão proibidas com as novas leis; e dezenas de líderes cristãos foram presos, incluindo Pastor Wang Yi da Igreja Presbiteriana Chuva Temporã em Chengdu.6
No entanto, mais de cinquenta igrejas ligadas ao Comitê do Movimento Patriótico das Três Autonomias permaneceram abertas para cultos, exceto durante os lockdowns da COVID. É provável que haja mais igrejas domésticas funcionando ativamente em formato de pequenos grupos e em encontros virtuais. Além disso, alguns líderes de igrejas domésticas tem ativamente mobilizado cristãos chineses para missões evangelísticas no exterior. Existem, ao menos, algumas centenas de missionários da China trabalhando no sudeste, no centro e no oeste da Ásia, além da África.
Igreja da Indonésia
A Indonésia é a maior nação islâmica do mundo, com sua população muçulmana representando 87% do total de 273 milhões habitantes. Após o fracasso do golpe comunista em 1965, presidente Suharto governou o país de 1965 a 1998 sob os Princípios de Pancasila que reconhecem as cinco maiores religiões (islã, hinduismo, budismo, catolicismo romano e protestantismo). De acordo com o Pancasila, cada indonésio teve de escolher uma religião ao invés do comunismo ateu, e muitos escolheram o cristianismo. A igreja cresceu na ilha do Timor em 1965 com episódios milagrosos; o crescimento médio da igreja foi de 12% entre 1990 a 1995. Desde a queda do presidente Suharto em 1998 e das severas reações dos grupos fundamentalistas muçulmanos contra o crescimento rápido da igreja, as autoridades governamentais tem aplicado mais medidas restritivas às atividades cristãs.
Igrejas da Tailândia e de Myanmar
Tailândia e Birmânia são duas nações predominantemente budistas, nas quais os budistas representam 94,5% e 80% do total da população, respectivamente. Em 2013, os cristãos etnicamente tailandeses contavam 183.000 (0.3%) e aqueles nativos dos diversos grupos tribais somavam 400.000 – 42% do total da população tribal. A maioria dos três milhões de cristãos de Myanmar estão entre os nove principais povos tribais, incluindo os Karen, Kachin, Shan, Chin e outros. Eles pertencem à Convenção Batista de Myanmar (Birmânia), que foi fundada por Adoniram Judson no período de 1813–1850. O povo tribal das montanhas era animista primitivo, que a maioria dos budistas birmaneses e tailandeses ignoravam, mas eles responderam positivamente ao evangelho.7
Movimento Missionário do Leste Asiático
A Grande Comissão é dada a todos os cristãos ao redor do mundo. O conceito de missões asiáticas começou nos anos 1970 através do Movimento de Lausanne.
Missões Asiáticas antes do Congresso de Lausanne
Antes do Movimento de Lausanne nos anos 1970, as igrejas asiáticas enviaram missionários transculturais a outros países. Em 1912, a Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana da Coreia (na sigla em inglês KPC) comissionou três missionários coreanos (Park Tae-ho, Sa Byong-soon e Lee Day-young) a irem para a província de Shandong, na China. Outros oito missionários foram enviados à China em 1921 onde serviram por 21 anos (1937–1957). Em 1949, o Comitê Missionário Feminino da KPC enviou Chung Syung-won a Taiwan; em 1956, KPC enviou um casal coreano (Choi Chan-yong e Kim Soon-il) à Tailândia. Os estudantes cristãos do grupo Mulheres Cristãs Ewha da Universidade de Seoul enviaram duas graduadas ao Paquistão em 1964. Em 1968, o Rev. David Cho fundou a Missões Coreanas Internacionais (na sigla em inglês, KIM) para treinar missionários da Coreia.
Surgimento dos Congressos Asiáticos de Evangelismo
Milhares de líderes de igrejas asiáticas participaram das Conferências Internacionais de Missões e Evangelismo de Lausanne e do Congresso Ásia-Pacífico de Evangelismo em Singapura em novembro de 1968. Os líderes da igreja asiática começaram suas próprias conferências nacionais de evangelismo e missões em seus países. Líderes japoneses realizaram o Congresso Japonês de Evangelismo em Tóquio (1974), Kyoto (1982), Shiobara (1991), Okinawa (2000) e Kobe (2016). Para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, a igreja japonesa havia estabelecido, em 2015, um objetivo da Visão Japão 2020 de aumentar o número de igrejas de 8.900 (no ano 2000) para 10.000; o número de missionários japoneses de 510 para 1.000; e o número de japoneses cristãos de 543.816 para um milhão. Singapura realizou o Congresso Anglicano de Evangelização Mundial World (1989), o 4º Congresso Batista Asiático (1992) e o Joshua Project 2000 na Conferência do Sudeste Asiático (2000). A igreja tailandesa organizou o Visão 2000 Tailândia (1996) com o objetivo de chegar a 600.000 cristãos (e 6.000 igrejas) a partir dos 260.000 existentes nos anos 1980. Outras nações asiáticas conduziram congressos de evangelismo similares.
Aumento de Missionários Asiáticos
Existem três países asiáticos que se destacam pelo envio de muitos missionários. Primeiro a igreja coreana, que já tinha enviado 1.645 missionários coreanos para 87 nações até 1989; em 2021 os números haviam escalado para 22.210 missionários em 170 países. O número total estimado de missionários coreanos, incluindo aqueles excluídos das estatísticas oficiais, está acima de 30.000. O PNB per capital coreano aumentou significativamente de US$ 5.883 em 1990 para US$ 34.189 em 2021. O rápido crescimento econômico na Coreia do Sul na década de 1990 ajudou a igreja coreana a enviar mais missionários. Na Conferência Coreana de Missões Mundiais em 2006 foi lançado o movimento de missionários profissionais chamado Um Milhão de Fazedores de Tenda até 2020, que mobilizou toda a igreja coreana para missões mundiais.
Os líderes das igrejas domésticas na China conduziram três Consultas do Missão China 2030: uma em Hong Kong (2015), uma na Ilha Jeju, Coreia (2016), e em Chiangmai, Tailândia (2017), cujos planos eram de enviar 20.000 missionários chineses até 2030. Os cristãos chineses queriam tentar igualar os 20.000 missionários ocidentais na China. Hoje existem apenas 1.000 missionários enviados da China continental.8
A Operation World (2001) relatou que dos 44.000 missionários indianos de 440 agências missionárias, 60% deles trabalham transculturalmente. A maioria dos missionários indianos foram comissionados a sair do sul da Índia para alcançar a população majoritariamente hindu e muçulmana do norte da Índia, que tem diferentes línguas e culturas. Mais de 440 missionários indianos ministram em outros países.
A economia asiática se desenvolveu rapidamente no século XXI; as igrejas asiáticas começaram então a enviar muitos missionários transculturais para o mundo todo.
Novas Estratégicas Missionárias da Ásia Oriental
A dinâmica Ásia demanda uma nova estratégia de missão para que se realize a Grande Comissão. O maior interesse das discussões teológicas e missiológicas entre as décadas 1960 e 1990 na igreja asiática era a “contextualização”. Ele promoveu a independência da igreja nacional em relação à mentalidade colonial de depender das equipes e organizações missionárias estrangeiras, enfatizando os valores positivos de algumas culturas tradicionais.
Hoje o novo foco das missões é a “globalização” porque o mundo encolheu ao formato de um vilarejo global depois do imenso desenvolvimento em comunicação e transporte. Cada país tem suas características únicas, e cada igreja nacional deve desenvolver novas estratégias para missões. As igrejas asiáticas tem adotados diversas novas estratégias missionárias.
Missionários Transculturais no País
A maioria das nações asiáticas tem muitos grupos étnicos com diferentes línguas e culturas. Mais de 60% dos 30.000 missionários indianos trabalham dentro da própria Índia. A Operation World relatou que Myanmar tem 3.160 missionários transculturais de 40 agências missionárias, mas apenas 60 destes trabalham em outras nações. O Sri Lanka tinha 717 missionários de 18 agências missionárias, mas apenas cinco deles trabalhavam em outros cinco países.9
Missões na Diáspora
Milhões de asiáticos imigraram para outras nações na Ásia, na América do Norte e na Europa, e os imigrantes cristãos asiáticos criaram suas agências missionárias internacionais para enviar missionários transculturais. O Conselho Mundial Missionário da Coreia (na sigla em inglês, KWMC) foi fundado em 1988 para recrutar americanos-coreanos no Billy Graham Center do Wheaton College em Illinois, e na Universidade Azuza Pacific na Califórnia. Muitas agências missionárias internacionais chinesas foram estabelecidas na América do Norte. Algumas delas com seus respectivos líderes foram: Great Commission Center International (Thomas Wang) em Sunnyville, Califórnia; Ambassadors for Christ (David Chow), em Paradise, Pensilvânia; Global Enrichment Mission Center (Susan Choo) em Irvine, Califórnia. Outras foram fundadas no Reino Unido, como a Chinese Overseas Christian Missions (Mary Wong) em Londres.
Missionários Profissionais
Muitas nações asiáticas, particularmente aquelas no sudeste da Ásia, não são economicamente fortes o suficiente para enviar um número muito grande de missionários. O PNB per capita em 2021 de vários países asiáticos apresentava-se assim: Malásia (US$ 11.109), Tailândia (US$ 7.066), Indonésia (UU$ 4.332), Filipinas (US$ 3.460) e Índia (US$ 2.256). Desta forma, é necessário desenvolver estratégias para enviar missionários “fazedores de tenda” que possam se sustentar no campo missionário por meio de suas profissões.
Alcançar Residentes Estrangeiros em cada Nação
Estudantes internacionais, pessoas de negócio, corpo diplomático estrangeiro e muitos outros visitantes estrangeiros tem suas residências em cada nação. Em resumo, os campos missionários chegaram até à nossa porta. A igreja doméstica deve, assim, encontrar maneiras de levar o evangelho a esses estrangeiros. Por exemplo, muitas igrejas coreanas iniciaram cultos em outras línguas para trabalhadores e estudantes originários de Myanmar, Nepal, Indonésia e muitos outros países.
Desafios no Leste Asiático
Materialismo e Secularismo
Um número crescente de jovens cristãos tem saído das igrejas ou se tornado passivos na igreja quando terminam os estudos na universidade. A educação secular e o materialismo afetaram profundamente sua fé cristã, diminuindo seu interesse em missões cristãs.
Perseguição Religiosa
A perseguição contra o cristianismo aumentou gravemente no século XXI advinda das três principais forças anti-cristãs: islã, comunismo e hinduismo. Os cristãos nas nações islâmicas (Paquistão, Malásia e Indonésia) vivem diferentes graus de perseguição. As leis de blasfêmia no Paquistão consideram a blasfêmia contra o islã passível de pena de morte. Na Malásia, as restritas leis islâmicas proíbem que alguém toque o corpo de outra pessoa ou em alguma parte dele. Na Indonésia, as restrições contra a igreja crescem diariamente, assim como a crescente perseguição na China contra as igrejas domésticas. Nos estados hindus da Índia, radicais Hindus já realizaram ataques a cristãos naquelas regiões.
Necessidade de Renovação Espiritual
A tarefa da Grande Comissão envolve também guerra espiritual. A igreja asiática, especialmente sua liderança, precisa passar por um renovar da vida espiritual. Lausanne IV poderá estimular significativamente a igreja asiática para que se engaje de forma ativa na ordenança de Jesus Cristo sobre a Grande Comissão, e desenvolver uma nova estratégia missionária específica para seu próprio uso.
A Ascensão e Ironia da Índia
Até 2050, estima-se que o PIB da Índia será de até US$ 30 trilhões. No entanto, as estatísticas de crescimento econômico neste país são uma ironia. Seu crescimento é uma “bolha”, já que a realidade no chão da vida é menos próspera.
De acordo com o relatório World Population Prospects, das Nações Unidas, a população da Índia deverá aumentar para 1,66 bilhão até 2050. O que significa que deverá também haver comida, moradia e vestuário para todas essas pessoas, bem como a garantia de viver com dignidade, liberdade, e de seus direitos humanos fundamentais. Segundo estudos conduzidos em 2022 pelo Fórum Econômico Mundial e o Banco Mundial, adolescentes e jovens adultos (idades entre 15-29) compreendem 27,2% do total da população indiana, que é de 1,4 bilhão de pessoas. Até 2050, um em cada cinco indianos será um idoso que necessitará de cuidados. Embora as estatísticas revelem que a Índia é um país de rápido crescimento econômico, mais de 90% da riqueza pertence a cerca de 10% da população. Os ricos estão se tornando cada dia mais ricos e os pobres cada dia mais pobres.
No Índice Global da Fome publicado em 2022, a Índia ocupava o 107º lugar entre os 121 países da lista. O maior número de pessoas no mundo em 2020 que vivem na pobreza (228,9 milhões) moram na Índia; este número foi extraído do Índice de Pobreza Multidimensional Global (na sigla em inglês, MPI) de 2022, publicado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP) e pela Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI). Existe 1,77 milhão de pessoas desabrigadas na Índia, de acordo com o censo de 2011, englobando mulheres, homens e mães solteiros, idosos e pessoas com deficiência.
Em relação ao sistema de saúde, a Índia tem apenas cinco leitos para cada 10.000 habitantes. O Relatório sobre Desenvolvimento Humano de 2020 demonstrou que, num ranking de 167 países, a Índia ficaria em 155º lugar no quesito disponibilidade de leitos. Em 2017 cerca de 1,34 médico era responsável pelo cuidado de 1.000 cidadãos indianos. O índice de mortalidade infantil na Índia é o segundo mais alto no mundo, segundo o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou recentemente em 2023. Quanto à qualidade de vida, a Índia está entre os países menos felizes, ocupando a posição 126 entre 150 países. De acordo com o Escritório Nacional para Registro de Crimes (na sigla em inglês, NCRB) do país, 164.000 pessoas cometeram suicídio somente em 2021. A OMS estima que a Índia tenha a 41º maior taxa de suicídios no mundo, com os dados de até 2019.
A taxa de alfabetização nacional, em 2011, era estimada em 74%. Entretanto, a verdadeira taxa de alfabetização funcional seria de apenas 30 a 40%. A Índia é um dos países mais pobres e mais iletrados do mundo. Estima-se também uma população de 26.8 milhões de pessoas com deficiência (2.68 crore pessoas, na métrica indiana).
A Índia tem 766 distritos e 640.000 vilarejos. A urbanização, porém, está acontecendo em um nível alarmante. Essas regiões urbanas carecem de infraestrutura e a urbanização também traz consigo desafios ao evangelismo. Drogas, alcoolismo, violência doméstica e tráfico humano são as maiores questões a serem tratadas. Com uma inflação galopante e uma inacreditável disparidade entre ricos e pobres, a Índia está se tornando uma terra extremamente faminta. Uma população enorme poderá morrer de fome devido à crescente taxa de desemprego. Outra enorme fatia de instituições financeiras, bancos e corporações empresariais irão falir e seus investidores sofrerão graves perdas. As reservas de moeda estrangeira estão minguando e a produção caindo.
Os investidores estrangeiros estão relutantes em investir no país por causa da instabilidade financeira e da violência contra determinadas etnias. Mentiras e medo prevalecem neste cenário. A minoria rica explora e oprime a maioria pobre, controlando o governo com dinheiro e através da mídia que atende à agenda de direita do grupo. Os cristãos estão entre as comunidades mais reprimidas na Índia. Estas disparidades socioeconômicas e políticas são prejudiciais à implementação da Grande Comissão.
Missões Cristãs na Índia
Como o país mais populoso do mundo, a Índia está em movimento. Deus, que pôs o nome da Índia na Bíblia (Ester 1:1, 8:9), a está vigiando. Para Ele, cada uma do 1,14 bilhão de almas que vivem no subcontinente asiático são preciosas.
Para compreender a ascensão da Índia e o impacto da Grande Comissão no país, é preciso discutir três temas: Quais são os desafios que missionários e crentes enfrentam na Índia? Podemos enxergar oportunidades de evangelismo apesar, e talvez por causa, destes desafios? Quais são algumas maneiras estratégicas de potencializar o impacto da Grande Comissão nesta nação?
Desafios
Para que seja possível seguir a Grande Comissão nesta terra cheia de sofrimentos, os crentes devem se preparar para enfrentar os desafios com coragem e convicção, sabendo esperar por eles e suportá-los (2 Tm 3).
Uma reestruturação da nossa missão é a maior necessidade. Primeiro, devemos ser capazes de identificar os desafios para o evangelismo na Índia hoje, tanto externos quanto internos.
Os desafios externos incluem os seguintes:
- aumento da perseguição e da secularização;
- fundamentalismo e nacionalismo;
- rivalidades entre as castas e estigma social;
- pobreza e analfabetismo;
- explosão populacional;
- migração e mudanças demográficas;
- globalização e urbanização;
- corrupção política e falta de transparência;
- conflitos culturais e pluralismo.
Os desafios internos incluem:
- falta de visão da Grande Comissão;
- falha da liderança em inspirar e desafiar os crentes a ganhar vidas;
- desprezo ou vergonha em compartilhar o evangelho;
- falta de planejamento sistemático para alcançar os não-alcançados;
- brigas internas e desunião entre membros da congregação;
- falta de uma cultura de prestação de contas e da boa administração de recursos;
- falta de empoderamento de mulheres, crianças e jovens para a difusão do evangelho;
- escassez de trabalhadores, semeadores e ceifeiros;
- recursos financeiros limitados;
- falta de pranto pelos perdidos;
- falta de entendimento adequado da Palavra e do mundo;
- falta de treinamento para evangelismo e discipulado;
- e falta de ferramentas evangelísticas, tais como cópias suficientes da Bíblia.
Perseguição
A perseguição aos cristão na Índia, que teve início no final da década de 1990, agora tomou proporções mais cruéis com a ideologia política e religiosa de direita que pretende fazer da Índia um país de religião hindu.
Historicamente, o cristianismo na Índia nasceu pelo sangue, com o martírio de seu primeiro mensageiro – São Tomás, há dois mil anos. Mesmo hoje a perseguição é a maior ameaça na Índia. Atualmente, o coquetel mortífero da mistura de religião e política com uma ideologia de ódio está empurrando a nação para anarquia e desarmonia coletivas e para o massacre. A lei anti-conversão que foi aprovada por alguns governos estudais incentivou terroristas comunitários anti-cristãos a realizar torturas em cristãos. No distrito de Dang, na região de Gujarat, centenas de igrejas foram queimadas e crentes foram brutalmente atacados em 1998. Este episódio culminou no assassinato do missionário australiano Graham Staines (54 anos) e de seus dois filhos, Philip (11 anos) e Timothy (6 anos), em Manoharpur, Orissa, no dia 23 de janeiro de 1999.10
Mais vez, o mundo ficou chocado com a brutalidade da violência contra os cristãos que tomou conta das florestas de Kandhamal, em Orissa, desde agosto de 2008. Igrejas foram queimadas, cristãos expulsos e suas casas foram saqueadas e incendiadas. O jornalista Anto Akkara, autor de quatro livros sobre a carnificina de Kandhamal e produtor de três documentários, revelou que:
Mais de 300 igrejas e quase 6.000 casas de cristãos foram reduzidas a cinzas ou danificadas, produzindo mais de 56.000 pessoas refugiadas na região da selva (…) Mesmo assim a fé cristã falou mais alto brilhando em meio às cinzas (…) Enquanto mais de 100 cristãos eram feitos mártires por causa de sua fé, centenas de outros tiveram a sorte de sobreviver após serem brutalmente torturados ao não renunciarem a fé.11
Desde 2014, a perseguição aos cristãos na Índia tornou-se algo quase diário. Incêndios, saques, torturas e assassinatos de cristãos, em ferozes campanhas de ódio organizadas, estão se tornando uma ação focada na limpeza étnica e religiosa contra os cristãos na Índia, pelas mãos de ideologistas fascistas de direita. Desde dezembro de 2022 até abril de 2023, houve uma série de ataques em cerca de 33 vilarejos de Bastar, em Chattisgargh, retirando cerca de mil cristãos de suas aldeias. Aqueles deslocados foram ameaçados para que renunciassem sua fé cristã e se convertessem à “religião da maioria”. Ao se recusarem, eles tiveram de deixar suas vilas ou encarar duras consequências, inclusive a morte.
Os cristãos na Índia são atacados de três formas: material, mental e financeiramente. Na tortura material, eles são proibidos de trabalhar em suas próprias terras ou nas de outras pessoas. Donos de lojas são ameaçados para não vender mantimentos ou distribuir cotas de ração oferecidos pelo governo aos cristãos. A estes é proibido inclusive tirar água de poços públicos.
Em Uttar Pradesh, um estado do norte da Índia, centenas de pastores e crentes foram presos sob falsas acusações e estão padecendo há meses na prisão. Em Manipur no nordeste da Índia, centenas de casas de cristãos, igrejas e escolas bíblicas foram destruídas desde 4 de maio de 2023. Não há um número preciso de quantos cristãos foram mortos ou deslocados. Milhares de cristão de Manipuri se tornaram refugiados em seu próprio país. A violência e o massacre direcionados à limpeza étnica das minorias na Índia tem deixado os investidores internacionais relutantes em investir na Índia, principalmente por causa da erosão da democracia e dos valores seculares de liberdade e justiça.
Oportunidades: Uma Minoria Abençoada
Os cristãos são uma minoria na Índia, mas sua contribuição na construção da nação é impressionante. Os servos da Grande Comissão continuam trabalhando de diversas formas para abençoar a Índia e fazê-la uma grande nação. Linguisticamente, a Índia é uma “Torre de Babel” com mais de 1.652 línguas nativas, a maioria delas sem sistemas de escrita moderna. Através dos anos, os tradutores da Bíblia investiram suas vidas para criar sistemas de escrita moderna para mais de 200 línguas nativas indianas. Hoje em dia a modernização de outras 180 línguas indianas está a todo vapor. Os missionários cristãos causaram um impacto poderoso no revolucionário desenvolvimento da Índia em várias áreas: literatura, letramento, linguística, setor gráfico e editorial, jornalismo, agricultura e horticultura, construção de estabelecimentos educacionais – de jardim de infância à universidades –, e a libertação de escravos e de “intocáveis”. Os missionários cristãos trabalharam para empoderar crianças e mulheres indianas numa sociedade masculina, e introduziram a educação sanitária e o sistema de saúde modernos. Não existe uma área em que as pessoas de fé não tenham investido suas vidas para fazer da Índia uma nação moderna. Por exemplo, William Carey foi à Índia em 1793 e viveu lá por 42 anos, durante o período em que desenvolveu 41 línguas indianas e deu à Índia 23 itens de modernidade geradores de renda.12
Em relação a seu tamanho, a comunidade cristã na Índia hoje é minúscula. Não há registros numéricos precisos disponíveis. O último censo oficial identifica cerca de 2,7% de cristãos numa população de 1,41 bilhão de cidadãos. Aqueles que se opõem ao evangelho alegam que os cristãos passam de 17% e que este número estaria crescendo. Eles usam esta superestimativa para justificar seu desejo de executar uma limpeza étnica e religiosa dos cristãos.
A Grande Comissão não é uma opção mas um comando. Nós somos salvos para salvar outros. Como Paulo disse a Timóteo: “(…) faze o trabalho de um evangelista, (…) prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não (…)”. Assim, um slogan para a boa execução da Grande Comissão poderia ser “A Cruz: viva e compartilhe”. É disto que a Índia precisa: nunca diluir a cruz e nunca diluir a mensagem do evangelho, como Mahatma Gandhi, o “Pai da Índia”, um dia disse ao missionário E. Stanley Jones. Quando Jones perguntou a Gandhi, “Como um dos líderes hindus da Índia, o que você diria para eu fazer, sendo cristão, para que Cristo fosse naturalizado na Índia?”, Jones afirma que “Gandhi respondeu com grande clareza:
‘Primeiro, eu sugiro que todos vocês cristãos, missionários ou não, comecem a viver mais como Jesus Cristo. Segundo, pratiquem sua religião sem adulterar nada nem abrandá-la. Terceiro, enfatizem o amor e façam dele sua força de trabalho, porque o amor é central no cristianismo. Quarto, estudem as religiões não-cristãs com mais empatia para encontrar o bem que há nelas, de maneira que possam se aproximar do povo também com mais empatia’”.13
Para o eficaz cumprimento da Grande Comissão, os líderes de congregação precisam tomar a frente. Paixão pelos que perecem é o primeiro requisito para ser um líder. O ensino e a prática do evangelismo deveriam ser realizados de maneira sistemática nas igrejas. Cada líder deveria ter o padrão do líder Jesus para ganhar vidas de forma eficiente. Jesus Cristo destacou-se em compaixão, coragem, confiança, comando, comunicação, cuidado, convicção, clareza e carisma.
Além da intercessão individual, amplas redes nacionais de oração fortalecerão o corpo de Cristo. O primeiro passo para a Grande Comissão é a oração. Da mesma forma, a Bíblia, a Palavra de Deus, precisa ser o centro de todas as nossas crenças e do nosso comportamento. Nós precisamos buscar, nos submeter, guardar, divulgar e ser santificados pela Palavra de Deus. Todo cidadão indiano tem o direito de receber uma cópia da Bíblia. Este é o maior desafio da Grande Comissão.
O “ide” é o comando estratégico da Grande Comissão. É o mandato de cada discípulo de Cristo. Um outro slogan – “Boas novas para todos: Cada um alcança um” – poderia ser usado para cumprir a Grande Comissão. Vamos nos comprometer em compartilhar a Cristo de forma sistemática em nossa vizinhança, nosso local de trabalho e nas praças. Convidemos amigos para as nossas casas e conversemos, tomando um chá. Santidade pessoal e harmonia com os outros precisam ser mantidos. Pregadores evangelistas e expositores da Bíblia devem ser treinados por cada congregação e por faculdades teológicas. Alcançar a enorme diáspora global indiana com as boas novas do evangelho devem se tornar mais um mover revolucionário.
Em conclusão desta análise, o que Billy Graham disse sobre o futuro da Grande Comissão é oportuno:
Tecnologia apenas não é suficiente. Estratégias apenas não suficientes. Mais do que tudo, Deus exige homens e mulheres que se darão sem reserva como sacrifícios vivos, em resposta ao desafio feito por Jesus quando ele disse: “Assim como Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21).14
Os cristãos precisam se lembrar de que não há oportunidade sem oposição, vitória sem vigilância, conquista sem luta. Nosso chamado divino é para viver, amar, trabalhar pelo nosso Senhor até que Ele venha. Semeiem as sementes do evangelho com lágrimas e a colheita será com júbilo.
Notas finais
- Yuji Kuronuma, “Asia Has over 950 Billionaires, Outnumbering All Other Regions,” Nikkei Asia, October 4, 2022, https://asia.nikkei.com/Spotlight/Datawatch/Asia-has-over-950-billionaires-outnumbering-all-other-regions.
- “The Centi-Millionaire Report,” Henley & Partners, October 18, 2022, https://www.henleyglobal.com/newsroom/press-releases/centi-millionaire-2022.
- “Asia-Pacific Migration Data Report 2021,” International Organization of Migration (IOM), https://publications.iom.int/system/files/pdf/2021-AP-Migration-Data-Report_1.pdf.
- Joon-gon Kim, “Six New Churches Every Day: Korean Church Growth,” Asian Perspective 17 (Taiwan: ATA, 1978).
- Fenggang Yang, “Will Chinese House Churches Survive the Latest Government Crackdown?” Christianity Today December 31, 2019. https://www.christianitytoday.com/ct/2019/december-web-only/chinese-house-churches-survive-government-crackdown.html.
- Bong Rin Ro, Asian Church History (Publication Forthcoming, 2023), 12–14, 16, 20–21, 28.
- Ibid. 46–50.
- “Missionaries from the National Church” publicado pela Operation World em 2001 dá um número muito maior de missionários asiáticos do que outros relatórios sobre missões.
- Vishal Mangalwadi, et al., Burnt Alive: Staines and the God They Loved (Mumbai: GLS Publishing, 1999).
- Anto Akkara, Early Christians of 21st Century: Stories of Incredible Christian Witness from Kandhamal Jungles (Thrissur, India: Veritas, 2013), 13.
- Ruth Mangalwadi and Vishal Mangalwadi, The Legacy of William Carey: A Model for the Transformation of a Culture (Singapore: YWAM, 2006), 45.
- Babu K. Verghese and Pandit Dharm, My Encounter with Truth (Mumbai: Media Concerns, 2008), 112.
- Billy Graham, A Biblical Standard for Evangelists (Grason, 1984), 135.