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Descentralização e Web3

Andrew Han, Jason Lee & Jasmine Ng

A Grande Comissão¹ é um chamado que nenhuma pessoa sozinha pode cumprir.² Felizmente, ao longo dos séculos, o advento de novas tecnologias como a prensa, aviões e a internet desempenharam papéis fundamentais na facilitação de missões globais. As tecnologias Web3 agora fazem parte desta história.

Este relatório explorará o estado atual e o potencial estado futuro da tecnologia Web3 e suas implicações. O objetivo é fornecer uma compreensão do estado atual e dos possíveis desenvolvimentos futuros desta tecnologia, juntamente com o impacto da descentralização que a acompanha, à medida que procuramos equipar o leitor para abraçar e navegar pela paisagem transformadora das tecnologias Web3 para promover o evangelho.

Compreendendo a Web3

Conhecida como a terceira geração da internet, a Web3 descreve a evolução da mesma.³ Embora seus parâmetros exatos sejam debatidos, aqui estão alguns exemplos do que sabemos que a Web3 pode fazer:

• Permitir que os usuários sejam proprietários dos seus dados e controlem como eles são utilizados
• Tornar mais fácil para as pessoas se conectarem e construírem comunidades
• Criar novas formas de publicar e distribuir conteúdo
• Facilitar para as pessoas lançarem e gerirem iniciativas globais
• Proporcionar transações econômicas mais seguras e transparentes.

Para citar Paul Vigna e Michael J. Casey em A Era da Criptomoeda, “Web3 representa uma nova fronteira de possibilidades, onde os indivíduos têm mais controle sobre seus dados, identidade e interações online.”⁴ Para entender melhor isso, vamos primeiro olhar para seus predecessores.

Web1 é a versão inicial da internet que surgiu na década de 1990. Consistia principalmente em sites estáticos onde os usuários podiam consumir informações com poucas oportunidades de interação.

Web2 é a internet com a qual estamos mais familiarizados hoje. Trouxe avanços significativos, introduzindo sites interativos, plataformas de mídia social, mercados online e diversas aplicações web. A Web2 não apenas empoderou os usuários para consumir conteúdo, mas também para criá-lo e compartilhá-lo.

O Web3 representa uma mudança de paradigma na forma como percebemos e interagimos com a internet. Se imaginarmos que a internet é uma biblioteca extensa, na web atual (Web2), algumas grandes empresas possuem e controlam essa biblioteca. Essas empresas determinam quais livros estão na biblioteca, quem pode lê-los e quanto custam. No Web3, a biblioteca é de propriedade e controlada pelos seus usuários. Isso significa que todos têm acesso igual à biblioteca, e ninguém pode censurar ou controlar o que você lê.

Daniel Drescher explica que, com o Web3, ‘Indivíduos podem ser proprietários de seus dados, criadores de suas identidades digitais e participantes em economias descentralizadas, levando a uma maior autonomia e autodeterminação.’⁶

Web3, Cripto . . . Golpe?

Quando se menciona a palavra Web3 durante uma conversa, é justo presumir que o termo ‘criptomoeda’ também será introduzido no diálogo.⁷ Diversos fracassos dignos de manchetes provocaram a perda de bilhões de dólares de investidores. Embora este relatório não se concentre no impacto das criptomoedas, discutiremos como o Web3 surgiu—Bitcoin.

Conhecido como a criptomoeda mais reconhecida globalmente, o Bitcoin foi introduzido na sequência da crise financeira global de 2008—surgindo diretamente do desejo de formar um sistema financeiro que pudesse operar de forma independente do sistema bancário moderno.⁹ O sucesso do Bitcoin demonstrou como um conceito financeiro, quando desenvolvido coletivamente com uma intenção focada, pode se tornar um ativo reconhecido globalmente, até mesmo por instituições financeiras tradicionais.

Hoje, o Bitcoin é oficialmente reconhecido em diversas jurisdições, sob diferentes formas e aspectos — por alguns países como uma mercadoria aprovada e por outros como moeda legal — impulsionando a criação de múltiplas outras criptomoedas na esperança de ter um impacto semelhante. Embora não abordemos as outras criptomoedas neste relatório, no nível mais fundamental, cada uma delas é semelhante pelo fato de que não poderiam funcionar sem a descentralização financeira.

Definição de Descentralização

A descentralização é um conceito complexo e multifacetado; não existe uma única definição universalmente aceita. No entanto, é comumente descrito como a distribuição de poder ou autoridade para longe de uma localização central ou organização.

De acordo com esta definição, a descentralização defende a ideia de que as decisões devem ser tomadas no nível mais baixo possível, o mais próximo daqueles que são afetados por essas decisões. Também pode ser visto como um veículo para promover a participação e a democracia, dando às pessoas mais voz sobre como são governadas.

A descentralização pode ser desafiadora, pois garantir que todos tenham uma voz equitativa e participação em sua própria governança pode ser difícil de gerenciar. No entanto, acreditamos que aplicar os princípios da descentralização vale muito a pena, pois implementá-la adequadamente tem o potencial de construir igrejas, comunidades e sociedades mais fortes e justas.

Críticos da descentralização a consideram excessivamente frágil em comparação com a robusta eficiência e clareza na tomada de decisões da centralização, especialmente quando os sistemas centralizados se beneficiam de processos otimizados. No entanto, a centralização também pode vir ao custo de limitar a autodeterminação, a privacidade e a liberdade pessoal. 

Descentralização e Web3

O conceito de descentralização está no cerne das tecnologias Web3, anunciando uma nova era onde o controle e a autoridade são distribuídos entre os participantes do ecossistema. Apresenta um novo paradigma. Estas ferramentas possibilitam a criação de uma infraestrutura digital descentralizada que suporta economias robustas. Esta abordagem descentralizada promove a inovação, a inclusividade e a transparência, alinhando-se à missão de disseminar o/a evangelho enquanto preserva as liberdades e escolhas individuais. Como William Mougayar coloca, ‘A descentralização no Web3 oferece a promessa de reduzir a dependência de guardiões centralizados, possibilitando uma tomada de decisões mais democrática e fomentando a inovação nas bordas da rede.’¹⁰

As palavras-chave familiares do Web3 englobam uma combinação de conceitos que incluem o metaverso, blockchain, criptomoedas, aplicações descentralizadas (DApps), contratos inteligentes, finanças descentralizadas (DeFi), tokens não fungíveis (NFTs), inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR). Esta não é uma lista exaustiva, e não entraremos em detalhes sobre cada termo.

No entanto, de forma geral, a maioria dessas tecnologias está apenas começando a emergir para o conhecimento público e ainda experimenta uma adoção mainstream limitada além de seus casos de uso teóricos. Algumas razões para essa adoção limitada incluem a complexidade conceitual, o alto custo de desenvolvimento, a falta de facilidade de uso, preocupações com segurança, regulamentações atrasadas e a integração limitada em sistemas existentes.

A questão, então, é: por que estamos discutindo este tópico quando ele carece de adoção mainstream? A realidade é que instituições líderes em pensamento significativo, como o Fórum Econômico Mundial,¹¹ as Nações Unidas,¹² e o Instituto Global McKinsey¹³ já começaram a documentar a imperativa econômica e geopolítica de mergulhar fundo para entender essas tecnologias emergentes e como tirar vantagem à medida que começam a crescer em participação no mercado.

Assim como em qualquer desenvolvimento de ecossistema, é necessária uma maior adoção para expandir os serviços e benefícios oferecidos pelo Web3. Embora estejam sendo tomadas medidas para possibilitar maiores taxas de adoção do ponto de vista tecnológico, é necessário um maior conhecimento, conscientização e regulamentação governamental para incentivar a participação.

Ao ler este artigo, cristãos em todo o mundo já começaram a reconhecer como aproveitar as vantagens possibilitadas pelo Web3. Vamos agora nos voltar para considerar alguns estudos de caso.

Descentralização, Web3 e a Grande Comissão

Estudo de Caso: A doação em criptomoeda proporciona maior eficiência e transparência

Destinar recursos para a obra da Grande Comissão é crucial, e ter a capacidade de contribuir com criptomoeda (crypto)¹⁵ adiciona aos muitos benefícios da descentralização e da Web3. As criptomoedas podem oferecer maior eficiência e transparência, pois proporcionam:

• Taxas mais baixas: As taxas associadas às doações em criptomoedas são, tipicamente, muito mais baixas do que aquelas das doações em moeda fiduciária tradicional. Este custo mais baixo deve-se, em parte, ao fato de as transações em criptomoedas não necessitarem de intermediários terceiros para processar as transferências.
• Transferências quase instantâneas: As doações em criptomoedas podem ser transferidas em instantes para qualquer parte do mundo, economizando tempo e dinheiro tanto para quem doa quanto para quem recebe. Isso contrasta com as doações tradicionais, que podem levar tempo para serem processadas devido às camadas de intermediários do sistema financeiro tradicional.
• Transparência aprimorada: Todas as transações de criptomoedas são registradas em uma blockchain pública, o que as torna transparentes e auditáveis. Isso ajuda a garantir que as doações estejam sendo utilizadas para o propósito ao qual foram destinadas.

Se uma organização ou indivíduo aceita doações em criptomoedas, as doações podem ser processadas diretamente por meio de uma carteira individual, custodial ou de contrato inteligente. Alternativamente, as doações podem ser realizadas por meio de plataformas especializadas em doações.¹⁶ Os potenciais benefícios de doar em criptomoedas incluem:

• Alcançar um novo público: As doações em criptomoedas podem ajudar a alcançar um novo público de doadores, como pessoas que têm mais familiaridade com a posse de ativos digitais.
• Diversificar das fontes de financiamento: Além de receber transferências em uma moeda nacional, as criptomoedas contribuem para a diversificação das fontes de financiamento.
• Aproveitar o poder do blockchain: A tecnologia blockchain subjacente à criptomoeda pode criar novas formas de rastrear e gerenciar doações para caridade.

Um ponto a ser observado é que o valor da criptomoeda tende a flutuar conforme as condições de mercado. Portanto, o destinatário precisará estar preparado para receber este ativo líquido com um valor que pode mudar caso o mantenham em sua forma atual. Felizmente, a opção que a maioria das plataformas de doação oferece por padrão é o suporte automático para a conversão direta de criptomoeda na moeda nacional do recebedor, ao receber, para evitar o risco de uma desvalorização imprevista.

Estudo de Caso: Aproveitando o poder da comunidade para tradução

Traduzir a Bíblia para um idioma específico não é uma tarefa fácil. Mesmo contando com uma equipe inteira de tradutores experientes, editores, teólogos e revisores, o processo pode levar mais de dez anos para ser concluído. Ao aproveitar o poder da Web3 e da IA, no entanto, o corpo de Cristo pode superar barreiras linguísticas e proporcionar acesso ao evangelho. Os inovadores do Web3 já estão aplicando essas tecnologias para reunir esforços coletivos na criação de motores de tradução para mais de 7.000 línguas tribais.¹⁷ Por exemplo, um jogo em desenvolvimento chamado ‘Tribo de Guerra de Binyamin’ visa aproveitar o poder de uma comunidade online global para traduzir mais de 7.000 línguas tribais. Ao recorrer ao crowdsourcing para trabalhos de tradução através da realidade aumentada, a WarTribe tem como objetivo ser um canal de emprego para grupos remotos de pessoas através da tokenização de atividades, semelhante a um modelo de receita de jogar para ganhar.

A aplicação da Web3 e da IA para resolver o problema da tradução lenta e cara do Evangelho para diferentes idiomas pode envolver públicos globais e promover conexões mais profundas entre si, ao mesmo tempo que se concentra nas verdades bíblicas. Pode apoiar esforços colaborativos para a tradução precisa e eficiente da Bíblia até mesmo para as línguas mais remotas, envolvendo comunidades diversas e falantes nativos. O processamento de linguagem natural (PLN) impulsionado por IA apresenta um grande potencial como meio de aprimorar rapidamente o processo de mapeamento de textos sagrados para idiomas não comerciais.

Estudo de Caso: Envolvendo a próxima geração na descoberta da sua fé por meio de jogos

Devido ao ritmo acelerado de adoção de tecnologia durante a pandemia global, os ecossistemas virtuais estão gerando mais engajamento. Esta mudança sublinha a necessidade de a igreja desenvolver conteúdo criativo que promova a alfabetização bíblica. Entre na “Terra da Promessa” — um universo do Minecraft influenciado pelo Cristianismo, criado para facilitar a exploração interativa dos ensinamentos bíblicos por meio de paisagens virtuais meticulosamente elaboradas, como a antiga Jerusalém e o Mar da Galileia. Lições personalizadas oferecidas dentro do jogo podem ajudar a orientar o crescimento espiritual e auxiliar os usuários em sua jornada de fé.

A atual iniciativa sandbox visa proporcionar uma experiência de jogo cativante e possibilitar mentoria e discipulado além das fronteiras geográficas. Mentores capacitados iniciam conversas significativas sobre fé com visitantes online de todas as idades, compartilhando discretamente o evangelho durante o processo. Isso é particularmente útil em regiões onde compartilhar abertamente mensagens religiosas ainda é, no mínimo, um tabu e, mais frequentemente, pode potencialmente comprometer a segurança física de alguém.¹⁸

Estudo de Caso: Arrecadação de fundos segura e de baixo custo por meio de colecionáveis digitais

A bem-sucedida campanha de arrecadação de fundos ManyHands NFT da Compassion International¹⁹ financiou bolsas de estudo universitárias para estudantes de alto desempenho no Haiti por meio da venda de ativos digitais conhecidos como tokens não fungíveis (NFTs). Você pode considerar esses NFTs como colecionáveis de arte digital, cada um com um código único que verifica a propriedade para cada comprador.

A venda desta coleção especial proporcionou os fundos necessários para comprar um laptop para cada estudante e concedeu ao seu grupo acesso a desenvolvimento e apoio de liderança contínuos ao longo dos próximos anos de sua educação.

Se extrapolarmos ainda mais este caso de uso, a propriedade de um ativo digital como esta obra de arte digital pode funcionar como uma ‘chave’ virtual que pode ser usada para conceder a um indivíduo acesso privado a uma comunidade de doadores com interesses semelhantes, bem como aos ministros e missionários que atuam em organizações e redes específicas. O benefício de fazer parte desta rede vai muito além do status quo atual de receber uma carta de apoio mensal por e-mail.

Ao estarem conectados a um círculo interno de benfeitores, os doadores poderão receber atualizações em tempo real dos missionários. Ao adotarem ativos digitais como criptomoedas, os apoiadores poderiam melhorar a responsabilidade e manter um contato mais seguro e próximo com os missionários, que raramente utilizam a expertise e as recomendações ponderadas em oração de seus apoiadores para o seu trabalho.

Desafios para os Esforços da Grande Comissão

Ao abraçarmos as oportunidades que o Web3 oferece, devemos também compreender e reconhecer os desafios que acompanham essa evolução.

Adoção tardia e limitada: A desconfiança em relação a essas mudanças tecnológicas (em parte devido ao seu uso recente em golpes e fraudes) fez com que muitos cristãos hesitassem em adotá-las em seus ministérios. Para alguns, essa suspeita é alimentada pela falta de conhecimento. O Web3 apresenta uma curva de aprendizado acentuada para pessoas que não possuem o conhecimento especializado e a expertise necessários—ou mesmo acesso à internet—para maximizar seus benefícios.

Formação e educação: É necessário um maior investimento em infraestrutura tecnológica e formação em literacia digital para capacitar indivíduos de diversos contextos a participarem no evangelismo descentralizado. Esta falta de acessibilidade se torna um ponto crítico para organizações orientadas pela fé entenderem como integrar essas ferramentas, plataformas e modelos para aprimorar ou evoluir seu trabalho.²⁰

Integridade teológica e preocupações éticas: Uma pesquisa simples na internet revelará diversos projetos baseados na fé que levantam sérias preocupações éticas e, portanto, trazem mais perguntas do que clareza para a Grande Comissão. A igreja deve abordar proativamente as questões teológicas e éticas suscitadas por este avanço tecnológico. Assim como os bereanos na Bíblia,²¹ precisamos incentivar o discernimento e o pensamento crítico ao interagir com plataformas e comunidades descentralizadas, da mesma forma que fazemos ao examinar as corretas aplicações doutrinárias das Escrituras.

Um Caminho a Seguir

Ao aproveitarmos a tecnologia Web3 para avançar o reino de Deus, estamos embarcando em um trabalho de novas formas.²² Para nos prepararmos para essa empreitada empolgante, nosso primeiro e mais crucial passo é buscar orientação divina por meio da oração e permanecer abertos à direção do Espírito Santo. Neste processo, devemos manter uma postura de flexibilidade, adaptabilidade e humildade, reconhecendo que Deus está desdobrando uma nova obra entre seu povo por meio destas tecnologias de ponta. Assim como é necessário um odre novo para o vinho novo, somos convocados a abraçar a mudança e a inovação à medida que trabalhamos juntos para difundir o evangelho e cumprir nossa missão na era digital.

Um modelo para um caminho a seguir é uma abordagem tripartida para educar, equipar e empoderar, tudo sustentado pela unidade do corpo através da colaboração.

Educar: Vamos começar aprendendo e compreendendo os fundamentos do Web3. Este relatório e os recursos listados ao final destinam-se a ser um ponto de partida. Em seguida, precisamos iniciar conversas sobre isso com nossas equipes. Esforços colaborativos entre organizações eclesiásticas para realizar seminários e oficinas são uma boa maneira para a ekklesia²³ se unir. Recursos em estágio inicial podem ser encontrados em grupos como Christians in Web3,²⁴ FaithTech,²⁵ e Indigitous,²⁶ que já estão avançando nessa direção e são recursos inestimáveis. Independentemente de escolhermos nos envolver com eles ou não, o Web3 e os princípios da descentralização estão se tornando uma parte importante do nosso cotidiano. É hora de a igreja considerar, com oração, como utilizá-los para o florescimento humano e a maior glória de Deus.

Equipar: Para equipar a igreja para ser líder no uso das tecnologias Web3 para a Grande Comissão, é necessário que os pastores de Deus utilizem e experimentem com ela. A Life Church experimentou plantar uma igreja no metaverso e descobriu que muitos dos princípios tradicionais de plantação de igrejas também se aplicavam virtualmente. No entanto, a necessidade de envolvimento da igreja local é vital para a saúde espiritual do novo discípulo.²⁷Como seu corpo e noiva, é essencial que colaboremos nestes experimentos de capacitação para um aprendizado mais rápido e uma implantação eficaz nas áreas que o nosso Senhor nos chamar. Isso é evidenciado pela maneira como a pandemia da COVID-19 impulsionou a necessidade da ‘tecnologia eclesiástica’ como uma indústria própria.²⁸ Neste contexto, devemos auxiliar os líderes eclesiásticos a descobrir como colaborar de forma mais eficaz com tecnólogos e profissionais da indústria, tanto interna quanto externamente às suas próprias congregações, fornecendo-lhes recursos concretos sobre como a tecnologia Web3 e as missões digitais podem ajudar no cumprimento da Grande Comissão.²⁹

Empoderar: Como líderes, lembrem-se da sabedoria de C.S.Lewis: Você nunca é velho demais para estabelecer outra meta ou para sonhar um novo sonho. Podemos abraçar a nova era do Web3, empoderando-nos como líderes e conduzindo nossa congregação a este novo espaço com o foco em “empoderar através da colaboração”. Um exemplo é uma igreja que sediou um evento chamado ‘A Fé & a IA:  “Amigos ou Inimigos?”, que incorpora a partilha colaborativa e o empoderamento do corpo de Cristo.³⁰ O propósito do evento era fomentar a colaboração entre diferentes igrejas, compartilhando conhecimentos e experiências para empoderar o público e ajudar a transformar suas mentes para buscar a vontade boa e perfeita de Deus.³¹ Ao nos libertarmos do medo e da dúvida e nos apoiarmos na força e talento coletivos no corpo de Cristo, navegaremos e utilizaremos eficazmente as tecnologias Web3 para avançar o evangelho.

Conclusão

A era do Web3 e da descentralização está inaugurando uma revolução tecnológica com um potencial sem precedentes. Citando Ryan Collins, “O futuro da tecnologia é incerto, mas uma coisa é certa: ela continuará a mudar o mundo de maneiras que nem podemos imaginar.”³² Como guardiões desse poder transformador, a questão que se coloca diante de nós é se vamos utilizá-lo para o bem ou para o mal. Iremos nós aproveitá-la para construir um mundo melhor ou permitiremos que se torne uma ferramenta de destruição? A escolha está em nossas mãos.

Esta onda tecnológica apresenta uma oportunidade extraordinária para a igreja cumprir sua missão divina, conforme estabelecido na Grande Comissão. Uma gestão cuidadosa e teologicamente informada das tecnologias Web3 pode amplificar a disseminação do evangelho, transcendendo fronteiras, culturas e idiomas. A natureza descentralizada da Web3 está alinhada com a noção bíblica de que somos muitas partes, mas um só corpo, cada um com dons e papéis únicos. Assim como o Espírito Santo capacitou os discípulos a irem adiante e espalharem a mensagem da salvação,³³ a Web3 pode capacitar a igreja a alcançar patamares ainda mais elevados.

No entanto, aproveitar esta oportunidade exige uma abordagem dupla. Primeiramente, a igreja deve preparar seus missionários para compreender e navegar no universo digital. Assim como os apóstolos se aventuraram em novos territórios para compartilhar o evangelho, os missionários de hoje devem navegar pelo campo missionário digital. Em segundo lugar, o corpo mais amplo de Cristo precisa ser educado sobre os riscos potenciais e os desafios inerentes ao Web3. Como igreja, somos convocados à unidade com muitas partes desempenhando diferentes funções, seja em ministérios físicos, campos de missão virtuais ou mercados digitais.³⁴

De forma crucial, a verdadeira transformação trazida pela Web3 começará com a renovação das mentes, tanto individual quanto coletivamente.³⁵ Essa renovação envolve abraçar o ethos descentralizado, empoderando os crentes a se tornarem pastores por direito próprio. O potencial da Web3 para a Grande Comissão só pode ser plenamente realizado quando a igreja abraçar essa transformação, equipar seus membros para a era digital e agir coletivamente como o corpo de Cristo, cumprindo sua missão com unidade e propósito..

Agradecimentos

 Gostaríamos de agradecer aos seguintes pela sua contribuição para este relatório: John Knox, Celine Wee, John Kim, Cynthia Smith, Nick Kim, Jessica Chin, Ronald Wong, Patrick Bezalel Lee, Lily Chia, Stephen McCaskell e Luke Richey.

Recursos

Livros

• Ryan Collins. O Deus da Tecnologia: Tecnologia moderna, sua origem Divina e o próximo grande movimento de Deus através da inovação guiada pelo Espírito (autpublicado, 2023).
• Andy Crouch. A Família Conectada com Sabedoria Tecnológica: Passos Cotidianos para Colocar a Tecnologia em Seu Devido Lugar (Ada, MI: Baker Books, 2017).
• John Dyer. Do Jardim à Cidade: O Poder Redentor e Corruptor da Tecnologia (Grand Rapids, MI: Publicações Kregel, 2011).
• Alan Noble. Testemunha Disruptiva: Falando Verdades em uma Era de Distrações (Westmont, IL: IVP, 2018).
• Sandra Maria Van Opstal. A Próxima Adoração: Glorificando a Deus em um Mundo Diverso (Westmont, IL: IVP, 2015).
• Sherry Turkle. Recuperando a Conversa: O Poder da Conversa na Era Digital (Londres: Penguin Books, 2016).
• ‘O Manual do FaithTech: Praticando a Tecnologia Redentora. FaithTech. https://faithtech.com/wp-content/uploads/The-FaithTech-Playbook.pdf.

Podcasts

• O Podcast FaithTech por FaithTech
• Podcast AllThingsNew.Tech por TheologyTech
• A Bíblia para Pessoas Normais por Pete Enns e Jared Byas
• O Podcast The Bible Project por Tim Mackie and Jon Collins

Notas finais

1. Atos 1:8
2. Romanos 12:4–5 apresenta a igreja de Cristo como um só corpo, consistindo de muitas partes.
3. Arjun Kharpal. O que é “Web3”? Aqui está a visão para o futuro da internet do homem que cunhou a expressão. CNBC. 19 de abril de 2022. https://www.cnbc.com/2022/04/20/o-que-e-web3-gavin-wood-que-inventou-o-termo-da-sua-visao.html.
4. Paul Vigna e Michael J. Casey. A Era da Criptomoeda: Como o Bitcoin e o Dinheiro Digital Estão Desafiando a Ordem Econômica Global (Londres: Picador, 2015).
5. Daren Matsuoka, Eddy Lazzarin, Robert Hackett, Stephanie Zinn. ‘Estado do Crypto em 2023.’ a16z crypto. 11 de abril de 2023. https://api.a16zcrypto.com/wp-content/uploads/2023/04/State-of-Crypto.pdf
6. Daniel Drescher. Noções Básicas de Blockchain: Uma Introdução Não Técnica em 25 Passos (Nova Iorque, NY: Apress, 2017).a16z cripto. 11 de abril de 2023. https://api.a16zcrypto.com/wp-content/uploads/2023/04/State-of-Crypto.pdf.
7. Entre as manchetes notáveis relacionadas a isso, incluem-se o colapso da Terra Luna, a queda da FTX juntamente com o fracasso do Banco do Vale do Silício, Signature e Silvergate Bank. 
8. Salto de Nível, “Uma Introdução ao Web3 para Gestores de Produto,” 2022
9. Satoshi Nakamoto, ‘Bitcoin: Um Sistema de Dinheiro Eletrônico Entre Pares. 2008. https://bitcoin.org/bitcoin.pdf. Adrian Ma. ‘O que é Web3 e Como Poderia Mudar a Internet?’ Fórum Econômico Mundial. 
10. William Mougayar. O Blockchain Empresarial: Promessa, Prática e Aplicação da Próxima Tecnologia da Internet (Toronto: Wiley, 2016).
11. Adrian Ma. ‘O que é Web3 e Como Poderia Mudar a Internet?’ Fórum Econômico Mundial. 2 de março de 2023.https://www.weforum.org/agenda/2023/03/whatis-web3-and-how-could-it-change-the-internet
12. #Web3para2030: Como o Web3 pode ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. PNUD. 22 de Novembro de 2022.https://www.undp.org/publications/web3for2030-how-can-web3-help-achieve-sustainable-development-goals.
13. Anutosh Banerjee, Robert Byrne, Ian De Bode e Matt Higginson. ‘Web3 Além do Hype.’ McKinsey & Company. 26 de setembro de 2022.https://www.mckinsey.com/industries/financial-services/our-insights/web3-beyond-the-hype.
14. Daren Matsuoka, Eddy Lazzarin, Robert Hackett, Stephanie Zinn. ‘Estado do Crypto 2023.’ a16z crypto. 11 de Abril de 2023. https://api.a16zcrypto.com/wp-content/uploads/2023/04/State-of-Crypto.pdf.
15. Criptomoeda é uma moeda digital que utiliza criptografia para aumentar a segurança. É descentralizado, o que significa que não está sujeito ao controle de intermediários (governo ou instituição financeira). As transferências de moeda são realizadas por meio de uma blockchain (um registro distribuído e imutável hospedado em servidores Web3).
16. As plataformas que possibilitam isso incluem, mas não se limitam a, Engiven, Overflow, The Giving Block, Endaoment, Classy, Crypto for Charity e PledgeGive. 
17. Por meio do uso inovador de Inteligência Artificial (IA) e Realidade Aumentada (RA), um jogo em desenvolvimento chamado ‘WarTribe of Binyamin’ propõe alcançar esse objetivo ao aproveitar o poder de uma comunidade online global por meio da realidade aumentada. Os criadores deste jogo têm como objetivo torná-lo um canal de emprego para grupos remotos de pessoas através da tokenização de atividades semelhantes a um modelo de receita de jogar para ganhar. Para mais informações, visite https://wartribe.gravityjack.com/.
18. Arte de Patrick Bezalel. ‘Terra da Promessa.’ YouTube. 4 de abril de 2022. https://www.youtube.com/watch?v=4F3unKa9dxI.
19. ‘A Compassion International lança uma coleção revolucionária de NFTs, criada inteiramente em VR.’ Compassão Internacional. 20 de julho de 2022. https://www.compassion.com/news-releases/compassion-international-lanca-colecao-revolucionaria-de-nft-criada-integralmente-em-vr.htm.
20. @0xBacktrace, @0xSpade_wav e @0xxxxxin, ‘Adoção em Massa da Web3: A Importância da Educação. Casa na árvore. 23 de maio de 2023. https://www.treehouse.finance/treehouse-academy/web3-mass-adoption-the-importance-of-education.
21. Atos 17:11
22. Lucas 5:37-39 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e se derramará, e os odres se perderão. Mas vinho novo deve ser colocado em odres novos, e ambos se conservarão. E ninguém, tendo bebido o vinho velho, deseja o novo; pois diz: ‘O velho é melhor’.
23. Atos 11:26
24. Unindo Cristãos no Web3. Cristãos no Web3. https://www.cw3.global/.
25. ‘Como a FaithTech Preenche a Lacuna.’ FaithTech. https://faithtech.com/.
26. ‘Ajudando Você a Alcançar o Seu Mundo.’ Indigitous. https://indigitous.org/.
27. ‘10 Grandes Insights de 10 Semanas de Igreja no Metaverso.’Open Network. https://openblog.life.church/10-insight-from-10-weeks-of-church-in-the-metaverse/.
28. Will Robbins. ‘Jesus, SaaS e o dízimo digital Parte 1: Bem-vindo à tecnologia eclesiástica. TechCrunch. 30 de julho de 2020. 
29. Colossenses 3:23
30. ‘Fé e Inteligência Artificial: Amigos ou Inimigos. Igreja Metodista Wesley. 9 de setembro de 2023. https://wesleymc.org/events-courses/events/digital-wesley-faith-ai-friends-or-foes.
31. Romanos 12:2
32. Ryan C. Collins. O Deus da Tecnologia: Tecnologia moderna, sua origem Divina e ativando o próximo grande movimento de Deus através da inovação guiada pelo Espírito (autopublicado, 2023).
33. Atos 1 & 2
34. Gl 6:9-10
35. Romanos 12:2
36. Fonte: “Evolução da Web”. Empreendimento Tecido. 31 de dezembro de 2019. https://medium.com/fabric-ventures/o-que-é-a-web-3-0-e-por-que-ela-importa-934eb07f3d2b.