Fundamentos sobre o Espírito e o avivamento

Jacob Cherian | 13 nov 2023

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Os seguidores de Cristo vivem agora na era do Espírito vivificador. A igreja em todo o mundo é convocada para proclamar a vida da nova criação inaugurada por Jesus. Deus deseja avivar a sua igreja em todo o mundo e fará isso à medida que seu povo atender ao seu chamado para viver fielmente no Espírito.

O Espírito de Deus vivifica 

A primeira página da Bíblia revela que, enquanto o Espírito pairava sobre as águas, Deus criava vida em toda a sua extraordinária diversidade. O Evangelho de João declara que todas as coisas foram feitas pela Palavra eterna. Portanto, para introduzir a redenção perfeita, a Palavra divina, surpreendentemente, tornou-se parte da sua criação. Tudo foi criado em Cristo e para Cristo, o Filho de Deus. O Deus Trino, portanto, é fonte, provedor e sustentador de toda a vida.1

A revelação bíblica, repetidas vezes, nos lembra que esse Deus é o grande restaurador, trazendo graciosamente vida e glória aos seres que estão destituídos de vida ou valor. Deus prometeu gravar sua lei vivificadora no coração do seu povo. No exílio babilônico, quando Israel perdeu toda a esperança, Deus prometeu trazer restauração – devolver a vida a ossos secos. Como ele faria isso? “Porei o meu Espírito em vocês, e vocês viverão”. Essa promessa teve seu glorioso cumprimento em Cristo, o doador do Espírito, o fundador da nova aliança. O Espírito vivificador hoje escreve [a lei de Deus] nas tábuas dos corações humanos.2

Jesus veio como o tão esperado cumprimento de todas as promessas de Deus. “Pois quantas forem as promessas feitas por Deus, tantas têm em Cristo o ‘sim’ […] Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir”. Jesus inaugurou a era do Espírito, o tão esperado reino de Deus. Através de sua vida, palavras e ações, Jesus manifestou a vida que Deus quer conceder a todos gratuitamente.3

Jesus prometeu o Pentecoste

João Batista – aquele que batiza – havia profetizado sobre a vinda de alguém maior do que ele, que batizaria com o fogo do Espírito Santo. Após a sua ressurreição, Jesus prometeu aos seus discípulos que lhes enviaria a promessa de poder do Pai para que eles fossem suas testemunhas. Essa promessa foi cumprida no Pentecoste com sinais de incontestável poder. Um vento forte e impetuoso – lembrando Ezequiel 37 – encheu a casa inteira, e os 120 discípulos reunidos, com línguas de fogo que pairavam sobre eles e capacitados pelo Espírito, glorificaram a Deus em muitas línguas. 4

Desde o dia de Pentecoste, o Espírito de Deus está sendo derramado sobre todos os povos. O apóstolo Pedro lembra ao público maravilhado que eles haviam sido testemunhas do cumprimento das promessas de Deus, especialmente a Joel. O propósito de Deus era conceder graciosamente o seu Espírito às pessoas de todas as comunidades do planeta. Esse continua sendo o grande desejo de Deus. O Senhor Jesus convida todos os que têm sede a vir e beber livremente do Espírito que vivifica.5

Os servos de Deus proclamam a mensagem vivificadora

Deus procura colaboradores que sejam cheios do Espírito e obedientes às suas diretrizes

Deus procura servos fiéis que sejam parceiros dele em sua missão de levar vida ao mundo. Ele ordenou a Ezequiel que profetizasse aos ossos secos, enquanto trazia vida àqueles ossos. Ele escolheu Pedro para proclamar aos judeus de todo o mundo que eles também poderiam se converter, crer e receber o Espírito Santo, e milhares o fizeram. O Pentecoste, originalmente uma festa da colheita, foi mais tarde associado à entrega da Lei no Sinai. Também marca o nascimento da igreja cristã que, assim como Jesus, nasceu pelo poder do Espírito.6

Deus procura colaboradores que sejam cheios do Espírito e obedientes às suas diretrizes; colaboradores cuja mensagem será confirmada por Deus com demonstrações da sua presença e poder divino. O livro de Atos oferece muitas dessas evidências que resultaram no estabelecimento de novas comunidades de fé em todo o Império Romano. O Espírito Santo inspirou não apenas os apóstolos Pedro e Paulo, mas também muitos outros a levar, anunciar e revelar o Espírito a comunidades tanto próximas quanto distantes.

A mais bela realidade é que o Pentecoste é um sinal claro de que todo o povo de Deus está capacitado para testemunhar. O antigo desejo de Moisés, de que todo o povo de Deus recebesse o Espírito, cumpre-se após o Pentecoste. Todos os crentes, sejam mulheres ou homens, de todo o mundo, podem agora ser testemunhas do reino de Cristo. O Espírito é derramado porque Jesus ascendeu ao Pai. Embora a história do evangelho se concentre inicialmente em testemunhas apostólicas selecionadas, o Espírito Santo democratiza a capacitação e o comissionamento de todos os crentes. O gênero e a idade não são um obstáculo; todos são dirigidos e capacitados pelo Espírito para serem testemunhas e agentes de transformação. O Espírito Santo nos guia e capacita a viver uma vida santa, uma vida dedicada a manifestar a vida de Deus, em sua multiforme graça, a todas as esferas da vida. 7

O Salvador é exaltado

Apenas o avivamento conduzido pelo Espírito, e não por qualquer entidade humana ou mundana, glorificará Jesus em nossas igrejas e comunidades.

Quando o Espírito Santo encontra parceiros obedientes, ele capacita seres humanos a cumprir o chamado celestial. E, à medida que eles cumprem o seu chamado, o Salvador do mundo é exaltado. Jesus prometeu que quando fosse levantado na cruz, atrairia todas as pessoas a ele. O fruto de uma obra genuína do Espírito de Deus é que Jesus se torne a peça central da vida de pessoas e comunidades. O apóstolo Paulo lembrou à igreja de Corinto, aquela que nutria um amor excessivo pelas manifestações carismáticas, que era seu desejo e oração que eles estivessem centrados no Jesus crucificado.

 Apenas o avivamento conduzido pelo Espírito, e não por qualquer entidade humana ou mundana, glorificará Jesus em nossas igrejas e comunidades. O povo de Deus será impelido a proclamar a mensagem, apesar da provável perseguição. 8

As Escrituras como guia

Os avivamentos que produziram frutos duradouros sempre estavam associados à poderosa proclamação da mensagem bíblica.

A igreja mundial precisa de avivamento. Um cenário de desespero e desordem — algo que reconhecidamente vemos ao nosso redor — precisa desesperadamente da ação e do fluir dos rios de água viva. No entanto, quando há ventos renovadores do Espírito, o novo e o inesperado podem, às vezes, provocar confusão.

Assim como o parto, um avivamento pode ser conturbado, mas todos valorizamos o resultado final. Em momentos assim, acatamos a admoestação do apóstolo Paulo: “Não apaguem o Espírito […] Ponham à prova todas as coisas”.9  As Escrituras, fielmente interpretadas em comunidade, serão as ferramentas necessárias para que avaliemos nosso ensino e experiência. É o fio de prumo confiável que tem guiado o povo de Deus ao longo dos séculos.

Os avivamentos que produziram frutos duradouros sempre estavam associados à poderosa proclamação da mensagem bíblica. Thomas F. Zimmerman, um líder cristão americano, comparou o Espírito Santo a um rio caudaloso e a Bíblia, às margens desse rio. Quando não ultrapassa suas margens, o rio pode trazer grande benefício e florescimento.

O Espírito manifesta o amor de Deus

Um dos maiores dons do Espírito é o amor de Deus sendo derramado de forma abundante em nossos corações. Visto que Deus é amor, faz sentido que o Espírito conceda amor divino aos corações humanos. O apóstolo Paulo lembra à igreja de Tessalônica o mandamento recebido do próprio Deus de amar uns aos outros. Precisamos do avivamento que leve o amor infinito de Deus às inúmeras situações difíceis em nosso mundo quebrado e ferido. Esse amor gerado pelo Espírito capacitará o povo de Deus a ultrapassar as fronteiras da cultura e da língua. O Espírito nos ajudará a superar nossos preconceitos inatos e a amar aqueles que são muito diferentes de nós. Após a vinda do Espírito Santo, vemos Pedro e João servindo samaritanos recém-convertidos, embora, algum tempo antes, eles estivessem prontos para destruir toda uma aldeia samaritana. No livro de Atos, vemos a comunidade primitiva de Jerusalém preocupada com os pobres e trabalhando em seu favor, conforme previsto na Festa das Semanas original, enraizada na declaração de Jesus de Nazaré.10 Nós também devemos seguir os seus passos.

Que o Espírito Santo encontre em nós a disposição de sermos servos fiéis, para que a vida de Deus se manifeste entre nós e através de nós e encha toda a terra, como as águas cobrem o mar.

Notas finais

  1. Gn 1.2; Jo 1.1-14; Cl 1.15-17.
  2. Jr 31.33; Ez 37.14; 2Co 3.3.
  3. 2Co 1.20-22; Mc 1.15; Lc 4.43.
  4. Lc 3.16; 24.49; At 2.1-4.
  5. Jl 2.28; Jo 7.37-39.
  6. Ez 37.11-14; At 2.38-41; Lv 23.15-22; Lc 1.35; At 2.1-4.
  7. Nm 11.29; At 1.8, 14; 2.33, 39.
  8. Jo 12.32; 15.26; 16.8-11; 1Co 2.2; At 4.31; 5.42.
  9. 1Ts 5.19-22.
  10.  Rm 5.5; 1Jo 4.16; 1Ts 4;9; At 8.14-17; Lc 4.14-21; Lc 9.51-56; Lv 23.22; At 2.44-45; 4.32-35.

Jacob Cherian é professor de Novo Testamento e reitor do Centro para Desenvolvimento de Liderança Global (anteriormente Seminário Bíblico do Sul Asiático), onde atua no corpo docente desde 1987. Sua área de especialização acadêmica é Novo Testamento com foco em Estudos Paulinos. O sonho de Jacob é ver as igrejas alcançando a maturidade e uma compreensão holística da fé bíblica, bem como se envolvendo na missão integral. Ele é bacharel pela Universidade de Jabalpur e pelo Seminário Bíblico do Sul Asiático, tem mestrado em teologia pelo Regent College de Vancouver e doutorado pelo Seminário Teológico de Princeton.