Global Analysis

Visão Geral – Janeiro 2025

Loun Ling Lee jan 2025

“Pregamos” muito sobre unidade e colaboração como elementos essenciais para a igreja e para a missão global. Mas será que ouvimos uns aos outros com atenção e humildade, especialmente os que sofrem e são marginalizados? Nesta edição, autores de várias partes do mundo compartilham sua análise sobre algumas questões cruciais que afetam as pessoas vulneráveis ​​no mundo e sobre os desafios que a igreja enfrenta hoje.

Em “Amar o nosso próximo global: A igreja pode inspirar a iniciativa climática neste mundo em constante mudança”,Katharine Hayhoe, cientista e climatologista, alerta que o mundo está diante de “uma nova crise” […]. Da poluição às mudanças climáticas e à destruição da natureza, os impactos previstos […] se tornam realidade: mais riscos à saúde e à infraestrutura, maior escassez de recursos alimentares e hídricos e o deslocamento de comunidades e ecossistemas inteiros”. Com base em dados científicos confiáveis, ela faz uma projeção do cenário futuro e pede que a igreja responda com urgência. “A igreja não pode ignorar essas questões, pois elas afetam as próprias comunidades às quais somos chamados”. Ela conclui dizendo que “demonstrar cuidado com a criação de Deus — pessoas e outros seres vivos impactados pelas mudanças climáticas, pela poluição e pela perda da natureza — é um reflexo fiel de nossa fé e da responsabilidade que Deus nos deu de amar o próximo como amamos a nós mesmos”.

Um grupo de pessoas extremamente vulneráveis ​​e excluídas do mundo, até mesmo da igreja, são as pessoas com deficiência. Em “Venha para o banquete: A inclusão de pessoas com deficiência no ministério cristão”,Daniel Kyungu Tchikala escreve que as pessoas com deficiência “pouco participam da vida social, mesmo em círculos cristãos”. E elas raramente ocupam posições de liderança. O autor crê que Deus “pode usar pessoas com deficiência de forma poderosa para cumprir sua missão na Terra”. Ele desafia os líderes cristãos a examinar sua atitude “em relação ao que é ou parece ser fraco ou vulnerável” e recomenda várias iniciativas práticas. Uma inciativa importante é: “Capacitar membros e líderes da igreja visando o ministério para pessoas com deficiência e por meio delas”.

Outro grupo de pessoas vulneráveis ​​são os migrantes, como “muitos jovens da Nigéria e de outros países africanos que estão tentando escapar das dificuldades econômicas que seu país enfrenta […] fugindo para países ocidentais considerados ‘pastos mais verdejantes’”, observa Israel Oluwole Olofinjana. Em “Testemunhas Japa Fuga de cérebros ou migração de testemunhas?”, ele ilustra como é possível teologizar “para explorar a intersecção entre missão e migração na Grã-Bretanha” usando uma gíria comum entre os jovens iorubás-nigerianos: a palavra Japa [que significa escapar, fugir ou tomar uma atitude rápida sobre seu futuro]. Tal como nos dias de Daniel e dos jovens hebreus no Antigo Testamento ou na dispersão dos crentes perseguidos registrada no livro de Atos, a “experiência de sofrimento, dificuldades, liminaridade e sobrevivência” desses jovens migrantes “os capacita a compreender o sacrifício. Isso, somado à sua fé, pode torná-los testemunhas migrantes”, escreve o autor. Ele desafia as igrejas britânicas a colaborar de forma intercultural com essas novas testemunhas migrantes.

Observando a história da igreja coreana, vemos como Deus transformou a Coreia do Sul, “este país pequeno e isolado, outrora devastado pela guerra e pela pobreza, em uma nação economicamente poderosa e culturalmente influente; a segunda que mais envia missionários”, escreve Daewon Moon em “O movimento missionário coreano: História e lições da igreja coreana”. Exemplos históricos específicos também demonstram “o poder do evangelho para promover a mudança integral de indivíduos e da sociedade”. Ao analisar os fatores que contribuíram para o crescimento dramático do movimento missionário coreano, o autor também revela os desafios enfrentados pela igreja coreana hoje. “Nas últimas duas décadas, no entanto, a igreja coreana tem experimentado estagnação e até mesmo declínio. Entre os motivos estão a secularização, a crescente indiferença dos jovens com a religião e os escândalos em várias megaigrejas”. Ele convida os cristãos coreanos à reflexão, ao arrependimento e ao aprendizado “com o corpo global de Cristo”.

Este chamado é para todos os cristãos, não apenas os coreanos.

A Análise Global de Lausanne está disponível em portuguêsespanholfrancêscoreano. Quaisquer perguntas e comentários a respeito desta edição devem ser enviados a analysis@lausanne.org. A próxima edição será lançada em março de 2025.