Global Analysis

Visão geral – Julho 2024

Loun Ling Lee jul 2024

“As tendências missionais do século 21 criaram um contexto que torna o networking, ou as conexões humanas, o caminho desejável para a obra missionária mundial”, escreve Everton Jackson na introdução de seu artigo: Confirmando nosso chamado comum: A interdependência na missão policêntrica”. Que novo contexto da obra missionária é esse, com tantas mudanças? Qual a melhor forma de fazer missões no século 21?

O autor procura responder a essas questões propondo usar a koinonia missional como estrutura para o networking missionário. “A koinonia missional expressa a ideia do povo de Deus em parceria tanto com Deus como uns com os outros para a transformação integral da criação de Deus, que geme por restauração”. Ela “busca complementaridade, e não competição; divisão do trabalho, e não monopólio; missão compartilhada, e não propósito dividido; status de igualdade, e não de desigualdade”. O autor conclui com um conselho: “O avanço missional que está acontecendo no Mundo Majoritário ou Sul Global não deve ser visto como um privilégio missional, mas como o posicionamento de todo o povo de Deus como servos-parceiros. Assim, em vez de nos preocuparmos com a noção de missão reversa, que o foco esteja na parceria, na rede, na colaboração e na interdependência”.

Michael Prest aplica esse princípio às agências missionárias internacionais em Colaboração, sim. Controle, não: Repensando o modelo de organização internacional em favor de parcerias mútuas com o Mundo Majoritário para o envio de missionários”.“Em toda a discussão sobre o policentrismo nos círculos missionários de hoje”, ele observa que “a organização pode ser internacional no que se refere à equipe, mas é ocidental em sua organização e estruturas”. Tendo em vista a mudança radical do contexto da obra missionária, ele desafia as grandes agências missionárias multinacionais a considerar uma estrutura alternativa – “algo que preserve os benefícios das relações internacionais, mas transfira a tomada de decisões e os modelos apropriados de envio de missionários àqueles que estão no campo”. Um exemplo de sua experiência é o modelo da UFM Worldwide, que é “uma rede ou grupo de organizações missionárias e igrejas que se associam voluntariamente”. Podemos aprender com este modelo que demonstra “uma rede de real policentrismo, com o aprendizado partilhado em todas as direções e entre todos os participantes”.

Não só a estrutura organizacional, mas também o tipo de liderança precisa se adaptar às mudanças do complexo mundo em que vivemos. Em Liderança adaptativa: Líderes em tempos imprevisíveis e turbulentos,Gideon Para-Mallam escreve: “A liderança adaptativa ajuda o líder a navegar nos turbulentos mares da mudança e da imprevisibilidade, bem como a maximizar as oportunidades que surgem na mudança”. Ele discorre sobre os principais componentes e princípios da liderança adaptativa. São eles: justiça organizacional, cultura de desenvolvimento, caráter de qualidade e inteligência emocional. Colocar em prática a liderança adaptativa é a parte mais desafiadora. Apesar desses desafios, o autor está convencido de que “é uma ótima maneira de garantir que uma igreja ou organização missionária avance, por mais turbulentos que sejam os tempos, caracterizados por realidades locais e globais”.

Quando os líderes se sentem ameaçados de perder seu poder e autoridade devido a mudanças nas circunstâncias, eles podem se tornar controladores em relação àqueles com quem trabalham. Isso pode acontecer em organizações ocidentais ou não ocidentais. Isso equivale a abuso ou desvio de poder, mesmo que o líder aja de forma não intencional ou inconsciente, conforme alerta o artigo “Liderança abusiva: Prevenindo o abuso e o uso indevido de poder no ministério cristão”. A autora, Merethe Dahl Turner, traz uma nova perspectiva sobre o que equivale a abuso e a uso indevido de poder e como preveni-los entre os líderes cristãos. Ela destaca quatro áreas importantes, tanto na prevenção da agressão deliberada como no abuso não intencional ou na facilitação do abuso: Educação e capacitação; Políticas e procedimentos; Cultura; e Caráter e bem-estar emocional.

De que forma vocês escolheriam agir como líderes cristãos – trabalhando em parceria mútua ou em relacionamentos desiguais, sendo colaborativos ou controladores, adaptativos ou abusivos?

A Análise Global de Lausanne está disponível em inglêsespanholfrancêscoreano. Quaisquer perguntas e comentários a respeito desta edição devem ser enviados a [email protected]. A próxima edição será lançada em setembro de 2024.

Autoria (bio)

Loun Ling Lee

Loun Ling Lee é a editora da Análise Global de Lausanne. Ensina “Leitura Missionária da Bíblia” e “Engajamento com as Religiões do Mundo” na Malásia e no Reino Unido. Anteriormente, foi professora de missões no Redcliffe College, Reino Unido, diretora de treinamento da AsiaCMS com sede na Malásia, mobilizadora de missões com a OMF e pastora da Grace Singapore Chinese Church. Hoje, ela faz parte do conselho da OMF Reino Unido.