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igrejas FJCCA em 2016


Igrejas FJCCA em 1º de Novembro, 2017


Todos os 424 pontos da FJCCA desde março de 2019

O Espírito de Deus está agindo entre o povo tailandês. Um movimento em favor da expansão do evangelho de Cristo está emergindo na província central de Phetchabun. Esse movimento está sendo liderado por cristãos tailandeses que desejam alcançar seu povo com a mensagem do evangelho, fazer discípulos e plantar igrejas.  Phetchabun tem uma população de aproximadamente um milhão de budistas da corrente Theravada, que há mil anos ocupam essa área.

O movimento FJCCA [Associação de igrejas livres em Jesus Cristo] na região central da Tailândia

O pastor Somsak converteu-se aos 22 anos de idade, depois de ouvir o evangelho. Ele trabalhava como mecânico de motocicletas, já era casado e tinha filhos. Iniciou um relacionamento sincero com Cristo que incluía a oração e o estudo bíblico diário. Uma vez que a igreja mais próxima ficava a cerca de 50 quilômetros de sua casa, Somsak começou a promover reuniões de adoração em casa com sua família e aqueles que ele havia conduzido à fé cristã. À medida que o grupo foi crescendo, eles decidiram construir um local mais amplo, onde pudessem se reunir com os irmãos. O primeiro edifício foi construído em 1987 e assim teve início o movimento que, posteriormente, seria formalizado como “Free in Jesus Christ Church Association” ou FJCCA. Esse trabalho não teve início com a vinda de missionários transculturais para auxiliar ou orientar o processo, mas com um cristão tailandês que lia sua Bíblia, era cheio do Espírito Santo e buscava seguir a direção de Jesus, assim como fizera a igreja primitiva, segundo o relato do livro de Atos. Sob a liderança do pastor Somsak, com a colaboração da sua congregação, por volta de 2005, eles haviam plantado seis congregações nas vilas próximas onde os membros tinham conhecidos ou familiares.

Em 2007, em vez de pedir aos novos crentes que se dirigissem a uma comunidade desconhecida, distante de suas casas, o pastor Somsak iniciou pequenas igrejas nos lares desses convertidos. Em 2016, essas seis congregações estavam suficientemente maduras para começar a plantar suas próprias igrejas. O ano de 2016 também marcou o início de uma nova abordagem de evangelismo na FJCCA. Em vez de promoverem uma grande festa de Natal em sua sede principal, eles realizaram eventos locais menores, mais modestos, em 17 locais estratégicos, onde viviam familiares dos membros das congregações.[1]

O movimento continuou a promover eventos evangelísticos públicos, mas esses encontros serviam apenas como um processo de triagem com o objetivo de encontrar pessoas que Deus esteja atraindo para si. Esses eventos ainda são realizados em locais públicos e são usadas tendas do próprio local e cadeiras plásticas. Às vezes, essas reuniões acontecem no pátio do templo local. Todos os moradores da vila são convidados para esse encontro ao ar livre. Nesses eventos, prega-se a mensagem do evangelho e os participantes são encorajados a orar diretamente a Jesus a respeito de dois ou três problemas que estejam enfrentando pessoalmente. Ao final do encontro, pede-se aos presentes que ergam uma das mãos caso desejem que alguém os visite em casa e fale mais sobre esse Jesus.


Evento de evangelização da FJCCA. Imagem cedida pela FJCCA.

Discipulado é evangelismo

A pessoa que demonstra interesse em fazer uma oração a Jesus, recebe, em até 48 horas, a visita dos líderes, que convidam os parentes que vivem nas proximidades para a primeira de uma série de encontros domiciliares. Eles preparam uma refeição na casa da pessoa interessada e criam uma atmosfera alegre de comunhão. Aqueles que recebem a visita são conduzidos em uma simples oração de fé, seguida de ensinamento sobre as implicações de seguir Jesus, entre elas, a submissão total à sua autoridade como Mestre.

Na segunda semana de visitação, os novos crentes começam a ouvir histórias bíblicas desde a criação, em Gênesis, até a vinda de Cristo, no Novo Testamento; são lições simples da Bíblia que podem ser lidas num livreto com impressão em letras grandes. As letras grandes são vitais para auxiliar o grande número de pessoas com visão limitada e compensar a iluminação deficiente das casas.


Homem lê um livreto intitulado “Oração”. Imagem cedida pela FJCCA.

Na terceira e na quarta semanas, à medida que transcorrem as reuniões domiciliares, os participantes são encorajados a continuar a orar em nome de Jesus e a partilhar suas experiências de como Deus tem respondido suas orações e tocado seus corações. O líder continua a repetir as histórias bíblicas (da criação até a vinda de Cristo), oferecendo, dessa forma, uma visão abrangente do evangelho. Na quinta semana, o grupo aprende um ou dois cânticos muito simples de adoração em tailandês como “Seguiremos o caminho de Jesus”. Nas semanas seguintes, é feito um desafio. O líder do grupo diz algo assim:

Vocês se lembram-se que a humanidade pecou e ficou separada de Deus? Bem, o plano divino de salvação era que Jesus, seu Filho, viesse ao mundo como um bebê. Ele cresceu e nos transmitiu bons ensinamentos, nos ensinou a sermos bons. Mas ele também veio para morrer por nós. Morreu pelo seu pecado e seu carma negativo. Mas ele não permaneceu morto, ressuscitou e essas são as promessas que você pode ter se crer nele.


Os encontros nas residências são essenciais. Imagem cedida pela FJCCA.

Alimento espiritual contextualizado

Aqueles que se arrependem e decidem seguir Jesus demonstram sua fé por meio do batismo. Depois de serem batizados, eles recebem uma Bíblia em tailandês e um livreto simples que ensina a orar e a pedir o auxílio de Deus quando enfrentam dificuldades em sua vida. Quando houver mais de três crentes em uma reunião em uma residência da vila, ela passará a ser uma “igreja em casa”. Surpreendentemente, os novos discípulos de origem budista não são instruídos a seguir um conjunto claro de práticas em relação à sua comunidade budista local e suas obrigações familiares (ações virtuosas que geram mérito). Mas são instruídos na Bíblia cristã e encorajados a obedecer à orientação do Espírito Santo à medida que crescem como comunidade de fé.

A fim de que passem do “leite” para o “alimento sólido” espiritual, os novos convertidos começam com cinco versículos bíblicos simples do livro de João e, em seguida, passam para as 20 lições desenvolvidas pela equipe da FJCCA com temas como: “O que significa arrepender-se?” e “O que significa nascer de novo?”. Essas lições levam aproximadamente oito meses para serem concluídas e os crentes mais maduros ensinam aos novos convertidos o conteúdo que acabaram de aprender.[2]

O acompanhamento

Em 2017, 139 novas igrejas foram estabelecidas nas casas e mais de 1.500 pessoas professaram sua fé. Hoje, calcula-se que a rede da FJCCA tenha 656 congregações distribuídas por vários distritos. O pastor Somsak passou a concentrar grande parte de sua energia ao desenvolvimento da liderança. Está ativamente envolvido no crescimento e na continuidade dessas recém-nascidas comunidades cristãs, convidando líderes em potencial a acompanharem as visitas e partilharem sua fé. Muitos dos líderes chegam a trabalhar até 80 horas por semana.

Embora movimentos desse tipo já tenham sido observados antes, o que distingue esse movimento é o método meticuloso por meio do qual os dados são coletados. Em março de 2019, a revista Christianity Today destacou o trabalho de Dwight Martin, que cresceu na Tailândia.[3] Martin cria e utiliza ferramentas analíticas digitais para auxiliar os líderes cristãos locais a manter um registro preciso da obra que estão edificando. [4]

Reunião de uma igreja maior. Imagem cedida pela FJCCA.

Em 2017, somente 17 dessas igrejas tinham edifícios próprios, pois o contexto domiciliar é preferível, a princípio, para estabelecer comunidades cristãs de base. Apesar de o modelo de igreja em casa permitir manter baixos os encargos financeiros, um edifício deverá ser construído assim que houver um número mínimo de membros. Eles têm uma meta de construir, para apoiar o avanço das igrejas em casa, instalações para 20 “igrejas-mães” em 2021, ao custo aproximado de 50 mil dólares cada. Apesar do crescimento e da propagação verdadeiramente surpreendentes do evangelho, 98,7% dos moradores dessa província continuam adorando ídolos.

Observações finais

A Palavra inspirada

Os líderes leigos da igreja em regiões negligenciadas devem se atentar à necessidade de obediência pessoal e prática às Escrituras para ter uma ação própria e contextualizada de evangelismo e plantação de igrejas que não dependa da presença de pessoas vindas de fora.

O amor encarnado de Cristo

Quando abraça aqueles que estão interessados em seguir Cristo, a JFCCA incorpora de forma criativa o antigo valor cultural da comunidade acolhedora. Infelizmente, a industrialização e a migração urbana privaram muitas das mais carentes aldeias tailandesas de seu senso de pertencimento e de interdependência relacional. O ministro atento buscará demonstrar visivelmente o amor de Cristo na comunidade cristã.

Materiais apropriados

A JFCCA tem concentrado seus esforços na redução de todos os materiais impressos e na boa administração dos poucos recursos desenvolvidos por eles mesmos. A estrutura física e os recursos vêm em segundo lugar diante da ação prioritária, que é nutrir a fé das pessoas da comunidade que têm sido alcançadas pelo evangelho de Cristo.

O nome de Deus

Em vez de explicar imediatamente a Trindade e usar a palavra tailandesa genérica para Deus (Prachao), a JFCCA, intencionalmente, prefere primeiro proclamar o nome de Jesus como o nome de Deus, a quem as pessoas começam a orar. Embora a doutrina da Trindade seja apresentada no ensino sistemático das Escrituras, eles descobriram que essa abordagem permitiu que muitas “distrações” e pedras de tropeço fossem removidas do envolvimento inicial dos budistas tailandeses com o evangelho e com o chamado à fé e ao arrependimento. Isso também contribui para desfazer a confusão de muitos com o conceito bíblico de um Deus-Criador, bem como a visão comumente compreendida entre os budistas de uma divindade dourada que reside em um templo local. Os líderes da igreja local devem treinar os membros de sua igreja para expressar os conceitos do Deus Trino sem causar maior confusão no processo de proclamação do evangelho a familiares, amigos e vizinhos do novo convertido.[5]

Notas

  1. Dwight Martin, ‘Free in Jesus Christ Church Association Church Planting Movement in Central Thailand,’ (Unpublished Paper, 8 December 2017).
  2. Dwight Martin, ‘Dwight Martin Full Episode,’ interview by David Joannes, Missions Pulse, 21 October 2019, https://youtu.be/qn6kRKID434.
  3. Kate Shellnutt, ‘Making Missions Count: How a Major Database Tracked Thailand’s Church-Planting Revival,Christianity Today, 15 March 2019,www.christianitytoday.com/ct/2019/april/missions-data-thai-church-fjcca-reach-village.html
  4. eStar Foundation, https://estar.ws/ 
  5. Nota da Editora: Veja o artigo de Hugh Kemp, intitulado “Buddhism in Asia” [“O budismo na Ásia”, em tradução livre. Artigo disponível somente em inglês e espanhol] em Análise Global de Lausanne, exemplar de maio/2015, https://lausanne.org/content/lga/2015-05/buddhism-in-asia

D.J. Oden (pseudônimo) é um obreiro transcultural no sudoeste da Ásia.