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Como dois cafés da manhã na Cidade do Cabo criaram um Movimento para as cidades do mundo todo

Sara Kyoungah White 26 set 2019

Uma certa manhã em 2010, Tim Keller, pastor fundador da Redeemer Presbyterian Church em Nova York, sentou-se para o café da manhã com Bob Doll, um gerente de investimentos muito respeitado.  Eles haviam se conhecido em um evento em Nova York no ano anterior, e, naquela manhã de outubro na Cidade do Cabo, os dois estavam participando do Terceiro Congresso de Evangelização Mundial do Movimento de Lausanne.

“Tim me fez um milhão de perguntas quando nos reconectamos, e daí ele disse ‘Tem alguém que eu quero que você conheça,'”, relembra Doll.  Algumas horas mais tarde, Keller e Doll se sentaram para partilhar de seu segundo café da manhã do dia, dessa vez com Mac Pier, um amigo de longa data de Keller e fundador do The New York City Leadership Center (NYCLC, conhecido como Movement.org).

A conversa daquela manhã ascendeu algo dentro deles, e durante o congresso, a faísca foi crescendo até se tornar um fogaréu. Seus chamados como um pastor, um líder no mercado, e um especialista em organizações sem fundo lucrativo se juntaram para formar uma “banqueta de três pernas” que eles acreditavam ser fundamental para realizar a visão que todos tinham: a aceleração da evangelização na cidade de Nova York.

“A tendência natural para cada ‘perna da baqueta” é pensar que pode fazer tudo sozinho,” disse Doll retrospectivamente. “Mas para lançar um movimento na cidade, você precisa da força de todos os três.” Surgindo de sua colaboração na Cidade do Cabo, o Dia do Movimento (Movement Day, em inglês)  que serve como a rede de Cidades do Movimento de Lausanne, foi acelerado e se tornou um movimento global. A visão ecoou as reuniões de café da manhã do encontro na Cidade do Cabo: reunir líderes do ministério, do mercado, e de organizações sem fins lucrativos, apesar de suas diferenças, compartilham uma paixão pela cidade e evangelho de Jesus, e então inspirar e equipá-los para colaborarem.

Para Pier: “Dia do Movimento é um encontro de ecossistemas”. “A convicção que embasa tudo é que a vitalidade do evangelho na cidade é proporcional à profundidade de união entre diferentes membros do mesmo ecossistema.” Keller, Doll e Pier – três membros diferentes, mas com influência sobre o ecossistema de Nova York – não buscavam um objetivo maior do que a cidade de Nova York quando juntaram forças naquele café da manhã na Cidade do Cabo. Mas Deus estava preparando para fazer muito mais nas cidades do mundo.

Pela primeira vez na história da humanidade, mais de metade da população mundial vive nas cidades, e este número continua a crescer marcadamente todo ano.  De fato, a cada 30 dias uma cidade equivalente à São Francisco nos EUA surge em algum lugar do mundo. As cidades são onde moram a maioria dos jovens, a próxima geração, para onde a maioria dos povos não alcançados migraram, onde os influenciadores da cultura vivem e onde os mais pobres moram todos juntos em uma mistura gloriosa de discordância e harmonia, quebrantamento e beleza.

Mas a igreja está se mudando para dentro da cidade rápido o suficiente? Jurie Kriel, diretor do Movement Day Expressions e catalisador da rede de Cidades de Lausanne, diz que, infelizmente: “À medida que aumenta a densidade populacional, a efetividade do evangelho decai. A não ser que a igreja consiga responder às perguntas feitas pelas cidades, o evangelho perderá cada vez mais sua relevância nas gerações seguintes.”

Na Cidade do Cabo, Keller, Doll e Pier perceberam que manter a igreja relevante em Nova York requeria união dos líderes em todos os locais de trabalho. Além disso, eles perceberam que precisava ocorrer uma mudança de paradigmas para que o movimento municipal se instalasse. “Temos a tendência de pensar somente sobre como nossa igreja ou organização está indo, em vez de pensar no impacto do cristianismo na cidade como um todo,’ diz Pier. “Mas igrejas de sucesso não significam necessariamente uma cidade florescente.” Como seria então para as igrejas entrarem em parceria umas com as outras, com o mercado e líderes de instituições sem fins lucrativos para orarem, sonharem e trabalharem juntos para a cidade toda?

Apesar da falta de promoção e propaganda, participantes de 34 estados dos EUA e de 14 países diferentes participaram do primeiro Dia do Movimento em 2010, que ocorreu logo antes do congresso na Cidade do Cabo. Pier brinca, “Qual a moral da história? Pessoas da Austrália pegam um avião para os Estados Unidos para ouvir o Tim Keller falando”.

Talvez Keller fosse o mais visível dos três, mas é através da generosidade radical de Doll e de outros que o Dia do Movimento recebeu impulso, assim como os conhecimentos extensivos de Pier e sua visão sobre Nova York que orientaram a iniciativa. Além disso, o movimento recebeu amplo apoio por causa das ocupações diversas de seus líderes principais, e quando seus seguidores foram combinados o resultado foi mais abrangente do que se cada um tivesse trabalhado sozinho.

À medida que o Dia do Movimento continuou a fortalecer suas bases, o conceito de “se juntar apesar das divisões denominacionais, étnicas, geográficas e socioeconômicas” ressoaram com muitos líderes cristãos urbanos que buscavam um reavivamento e maior união em suas próprias cidades.

Até 2015 o movimento havia se expandido além dos bairros de Nova York e através do oceano, para Pretória, África do Sul, onde aconteceu o primeiro Dia do Movimento fora dos EUA.  Em 2016, o Dia do Movimento realizou seu primeiro grande encontro global, atraindo 3.000 pessoas de mais de 400 cidades e 95 países. Pier acredita que que foi a maior conferência de missões em Nova York nos últimos séculos. Este momento catalisador levou a uma explosão no movimento, aumentando sua influência de 4 a 200 cidades no mundo todo em apenas 30 meses.

O que começou como um desejo sincero de impactar a cidade de Nova York agora é uma paixão por ver o evangelho compartilhado nas cidades do mundo todo. Como catalisador da rede temática de Cidades do Movimento de Lausanne juntamente com Krie, Pier aproveito o poder de networking da rede de Lausanne para mobilizar líderes em todos os cantos do globo para trabalharem em prol da colaboração nas cidades. Ele acredita que “a próxima reforma virá de Deus unindo os líderes nas grandes cidades. . . Se pudermos influenciar 500 cidades ao redor do mundo, isso alterará a trajetória do cristianismo mundial.”

“Não existe nada tão poderoso quanto o momento certo para uma ideia,” conclui Kriel. “Mas uma ideia no momento certo precisa de um momento catalisador para se tornar realidade. O Dia do Movimento foi uma ideia e seu momento chegou. A intenção de Deus para as cidades[,] a igreja acorda para a necessidade de uma nova estratégia para o evangelho nas cidades e entender que trabalhamos melhor juntos – tudo isso veio de encontro e encontrou um momento catalisador naquele café da manhã na Cidade do Cabo.”

Ore Conosco

Por Mac Pier

Deus Soberano, nós te vemos trazendo as nações do mundo para dentro dos bairros de nossas cidades. Traga união pra sua igreja, cidade por cidade, para que ela seja uma testemunha poderosa e relevante até os confins da terra que agora estão dentro de nossas cidades. Que nosso amor uns pelos outros e a união da igreja respire o aroma da crença que seu filho orou na noite antes de dar sua vida pelo mundo.

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