Você já participou de um encontro que mudou sua vida? Eu já. Bom, pelo menos, eu creio que sim. Mas o encontro mudou de fato a sua vida? E, nesse caso, por que aconteceu naquela ocasião específica, e não em outros encontros dos quais você participou? Provavelmente por algo que você não tenha levado em conta: a rede de contatos da qual você passou a fazer parte.
Adoro encontros. Gosto da atmosfera, da empolgação, do aprendizado constante, da beleza de um encontro bem conduzido. Um encontro bem-sucedido pode nos dar a sensação de que podemos mover montanhas, além de nos estimular a aplicar as ações transformadoras ao nosso cotidiano.
Ao longo dos anos, estive envolvida na organização de vários encontros, desde os mais modestos até os multilíngues, com até 4 mil participantes, realizados na Europa. E sempre me pergunto: “Valeu a pena tanto investimento, tanto tempo, tantas lágrimas? Vidas foram impactadas?”
À medida que o Movimento de Lausanne se prepara para o Quarto Congresso sobre Evangelização Mundial, que acontecerá em Seul, em 2024, começo a me perguntar: “Seul 2024 valerá a pena?”
Em 2013, eu trabalhava com a Aliança Evangélica em Hamburgo, Alemanha, enquanto também redigia minha dissertação de mestrado. Alguns anos antes, a Aliança Evangélica havia organizado várias conferências intituladas “O Melhor para a Cidade”. O objetivo era inspirar as pessoas a ter uma vida cristã autêntica e relevante em seu dia a dia e não fazer distinção entre seu local de trabalho e sua fé.
Minha pesquisa centrou-se em uma pergunta-chave: “Como as conferências mudaram a vida dos participantes e talvez até das cidades que as sediaram?” E que papel as redes de contato desempenham no que se refere à eficácia dos encontros?
Como medir o sucesso e a eficácia de um encontro
Após a realização de um encontro, costuma-se perguntar: “O evento foi bem-sucedido? E como podemos medir esse sucesso?”
Encontros bem-sucedidos não precisam ser eficazes por definição – os próprios organizadores podem criar a definição. A eficácia de um encontro pode ser avaliada em termos de resultados financeiros viáveis, por exemplo, usando um conjunto de metas quantitativas mensuráveis? Ou será que uma definição de sucesso mais subjetiva e qualitativa seja mais adequada, isto é, em retrospectiva, é possível ver a ação de Deus durante o encontro e por meio dele? As duas perspectivas têm valor. Mas é bom esclarecer a definição inicial de sucesso estabelecida pelos organizadores, especialmente se as expectativas das partes interessadas envolvidas não são as mesmas.
O objetivo das duas conferências “O Melhor para a Cidade” de Hamburgo era inspirar os participantes a buscar ações transformadoras. Havia também o objetivo de iniciar plataformas ou redes de conexão com pessoas em situações semelhantes. Dessa forma, os participantes podiam oferecer sustento e inspiração mutualmente e iniciar projetos que influenciariam a cidade. Com tais objetivos, ficava muito mais difícil medir o sucesso. O objetivo não podia ser medido por uma avaliação quantitativa do encontro com base no número de participantes, mas sim através de um modelo de como os encontros poderiam inspirar e influenciar as pessoas de forma sustentável.
Conduzi, então, um estudo qualitativo com o auxílio de entrevistas. As entrevistas com “especialistas” pareciam possibilitar uma forma mais objetiva e perspicaz de coleta de dados do que as pesquisas com participantes. Um “especialista” para essa tese era alguém que, preferivelmente, tivesse atuado como moderador em um dos workshops ou participado da preparação do congresso.
Ao longo da minha pesquisa, tive vários aprendizados, sendo o mais importante: aprendi que os encontros impactam pessoas. Essa afirmação pode parecer sucinta, mas é fundamental.
Todos os participantes descreveram o encontro como um momento importante em sua vida. Durante a entrevista, seus olhos literalmente brilhavam enquanto eles saboreavam as belas lembranças e falavam sobre o objetivo da conferência.
Em minha análise, pude identificar três conclusões principais. Cada entrevistado sentia que:
- O encontro havia ampliado seus horizontes. Os participantes conheceram mais pessoas, algumas que partilhavam dos mesmos interesses e visão, outras com ideias inovadoras, porém alicerçadas nos mesmos valores.
- O encontro havia inspirado sua vida, não apenas na esfera espiritual, mas também na profissional. A interação com outras pessoas ou grupo de interesse da mesma área de atuação contribuiu para agregar novas perspectivas e ideias.
- O encontro havia-lhes proporcionado uma comunidade de comunhão e oração –uma rede de contatos, ou network. Os participantes apreciaram especialmente essa sensação de conexão.
Nas entrevistas que conduzi, foi possível perceber o efeito da conferência sobre os participantes. Eles se inspiraram e se divertiram, e fizeram conexões importantes. Esse último ponto foi particularmente importante porque indica que o encontro produziu um impacto duradouro.
ARTIGO
Mudando o mundo, uma indicação de cada vez
A história de uma pessoa misteriosa que indicou alguém para o Primeiro Congresso de Lausanne.
Por que precisamos das redes de contatos?
Em minha pesquisa, observei os efeitos das redes de contatos para promover mudanças duradouras. O objetivo geral dessas networks é informar, inspirar e moldar, e por essa razão elas podem se tornar uma força poderosa. Um parceiro de entrevista resumiu desta forma: “Creio que [. . .] a transformação ou o impacto mais duradouro só pode vir de um grande número de cristãos ou de uma pluralidade de igrejas”.
Os entrevistados apreciavam o envolvimento e o apoio das redes de contatos locais, pois elas lhes proporcionavam uma comunidade com a qual eles se sentiam conectados e mutuamente encorajados. Essas redes os inspiravam através de interações e eventos e os mantinham informados sobre novos desdobramentos, ao mesmo tempo que ampliavam seus horizontes. No contexto cristão, as redes de contatos também atuavam como uma comunidade espiritual de oração e comunhão.
As redes de contatos, portanto, nos ajudam a superar os obstáculos significativos que nós, crentes, enfrentamos quando decidimos viver de uma forma que impacte a vida de outros. A oração e o encontro com Deus em uma comunidade conectada podem nos encorajar a investir em novas empreitadas. A inspiração, o treinamento profissional e as informações mais atualizadas que podemos obter em uma rede de contatos também podem combater o desânimo que sentimos como indivíduos quando tentamos fazer a diferença na sociedade. As networks e os encontros que elas possibilitam podem nos suprir com a força e com os parceiros de que precisamos para nutrir e desenvolver ideias que transformem a sociedade.
Desse modo, participar de um encontro é apenas um passo. A ação transformadora é um processo que pode crescer ao longo dos anos. Os encontros podem servir como um amplificador dessa ação, mas as redes de contatos são os verdadeiros heróis “anônimos”. As redes nos agraciam com parceiros de vida e prestação de contas que nos ajudam a superar obstáculos diários e podem servir como plataformas poderosas para promover encontros transformadores. As redes de contatos e os encontros não são mutuamente dependentes, mas têm um efeito mútuo de reforço.
O Congresso Seul 2024 não mudará a sua vida, mas o Lausanne 4 pode fazê-lo
Os Congressos de Lausanne sobre Evangelização Mundial sempre tiveram uma relevância significativa história do Movimento. É um privilégio ser selecionado; uma oportunidade única na vida. Estamos nos aproximando do Quarto Congresso, que acontecerá em setembro de 2024, em Seul.
Mas há algo diferente nesse congresso. De forma ainda mais intencional, o plano é que ele seja uma parte de um movimento, uma jornada. A jornada que chamamos de Lausanne 4.
Essa jornada teve início em 2019 com encontros virtuais de escuta que envolveram todas as regiões e redes temáticas. Neste ano, teremos dez encontros em várias regiões do mundo, além de encontros adicionais para abordar temas como liderança intergeracional. A jornada também inclui o Quarto Congresso, em Seul.
Muitos estão se perguntando: “Serei convidado para participar pessoalmente do Seul 2024?” Sugiro, porém, que a pergunta seja: “Como posso me conectar ao Movimento, e ao lado de quem eu gostaria de caminhar?”
Há várias maneiras de unir-se a nós nesta jornada. Primeiramente, quem você gostaria de indicar? O processo de indicação não se limita à participação presencial ou virtual no Seul 2024, mas foi intencionalmente projetado para toda a jornada. Ao fazer sua inscrição, você não está se inscrevendo para Seul apenas, e pode ser selecionado para participar de um encontro em sua região. Certifique-se de indicar alguém e inscreva-se agora mesmo se você já foi indicado.
Outra etapa da jornada da qual você pode participar são nossos encontros virtuais Ouvindo o chamado de Deus, que acontecem todas as quartas-feiras às 9h (fuso horário oriental). Juntos, como uma igreja global, ouvimos as Escrituras, oramos e temos comunhão. Participe conosco.
Seul 2024 é apenas um marco entre muitos. De certa forma, a afirmação a seguir pode parecer estranha vinda da diretora de mobilização de apoio do Movimento de Lausanne: Seul 2024 não transformará a sua vida nem o mundo ao seu redor. Mas se você estiver conectado em seu país e região com pessoas que partilham de sua paixão por uma oportunidade missionária, juntos poderemos mudar o mundo.
Os congressos só podem ter efeito duradouro se forem acompanhados por redes de contatos. Quero encorajá-lo a olhar não apenas para Seul 2024, mas também ao seu redor, onde você pode criar conexões hoje mesmo. E estendo o convite para que você se una ao Movimento de Lausanne na sua jornada rumo a 2050.