As organizações missionárias e igrejas buscam melhorar a mordomia de seus recursos missionários revisando seus planos constantemente. Como devem priorizar seus orçamentos anuais? Programas ou pessoas? Quantidade ou qualidade? Estratégia ou criatividade com sensibilidade? Existe uma forma de manter estes aspectos em equilíbrio com uma abordagem balanceada?
Em “A ‘projetização’ das missões: Pensamento iluminista ou modelo bíblico?”, Kirst Rievan aborda a tensão entre os princípios para projetos e princípios de fé, uma vez que “nas últimas décadas, o movimento missionário caminhou em direção a uma maior ‘projetização’”. Algumas das forças que impulsionaram esse movimento são: envolvimento ativo de doadores, objetivos de missões ambiciosos e profissionalização das organizações. Levando em consideração as vantagens e desvantagens de uma abordagem centrada em projetos para missões, o autor observa como “as oportunidades podem ser aproveitadas e as armadilhas atenuadas.” Um exemplo de atenuação é ter representantes locais em projetos que envolvem parcerias internacionais, tornando os projetos mais “sensíveis culturalmente e menos neocoloniais”.
Uma abordagem balanceada à missão envolveria pesquisar cuidadosamente para compreender o povo que abordamos e sua situação, com uma “atitude de abertura relacional”. Esse foi o método utilizado por Victor John e outros no movimento de plantação de igrejas em “Multiplicando Discípulos no ‘Cemitério de Missões’: O modelo Bhojpuri para plantação de igrejas em meio aos não alcançados”. Neste artigo, Victor John e David Cole explicam sua jornada inovadora desde o começo, analisando fatores-chave que resultaram em um trabalho frutífero e sustentável – desde formar relacionamentos sensíveis com a população local ao discipulado de fiéis locais, priorização da força local e finalmente preparar e entregar o trabalho à liderança local. A oração dos autores é que movimentos de “multiplicação de gerações de comunidades de adoradores” cheguem a todos os povos do mundo.
A hospitalidade é primordialmente um ministério para as pessoas, em especial para estrangeiros tais como refugiados, requerentes de asilo e os imigrantes que vivem entre nós. Não é somente um programa de uma igreja local. Esta é a convicção de Nestor Abdon que busca destacar o modelo de serviços de assentamento da igreja The Peoples Church do Canadá em seu artigo “Tornando-nos ‘Celas de Cristo’ para os Imigrantes: Um modelo ministerial de hospitalidade da diáspora da igreja The Peoples Church em Toronto”. Tanto a compaixão quanto a assistência prática do povo de Deus caminham de mãos dadas na hora de demonstrar o amor e presença de Deus entre “as pessoas que estão vivenciando a perda do familiar”. A singularidade deste modelo está na colaboração entre comunidades de fé e organizações de assentamento governamentais “no qual organizações de assentamento ofereceram aconselhamento na busca de empregos, referências para acomodação e outros serviços de assentamento dentro das instalações da igreja” e onde profissionais cristãos podem ser voluntários em diversas capacidade, “como professores de inglês, facilitadores de estudos bíblicos, mentores profissionais, conselheiros de saúde mental e facilitadores de eventos”.
Um dos pontos positivos da pandemia dos últimos dois anos seria que aprendemos a valorizar as pessoas e os relacionamentos muito mais do que antes. Muitos foram enlutados pela perda de um(a) querido/a durante esse período. A pergunta que surgiu de forma proeminente na mente dos cristãos do leste asiático é: O que aconteceu com aqueles que partiram deste mundo sem conhecerem o evangelho ou que não articularam sua fé em Cristo? Eles estão realmente no inferno sofrendo com o fogo da condenação eterna? Terão uma segunda chance para conhecer a Cristo? E as pessoas que estão pensando em se tornar cristãs devem fazer isso considerando que seus pais faleceram sem a oportunidade de ouvir o evangelho – isso significaria que eles abandonariam seus pais no inferno se tornando maus filhos? Em “O dilema da salvação pessoal nas culturas coletivas: Considerando a devoção filial de um ponto de vista missionário”, I’Ching Thomas nos ajuda a compreender essa luta dolorosa da perspectiva cultural e teológica. Uma forma de resolver esse dilema é nos assegurando do caráter de Deus e da “postura muito positiva em relação aos ancestrais” nas Escrituras. Segundo a autora, devemos focar em nosso chamado para “ser obedientes e fiéis no testemunho das boas novas de Jesus”.
Esperamos que essa edição tenha estimulado e preparado a igreja global para tomar decisões melhores na mordomia dos recursos que Deus nos deu para administrar, inclusive as pessoas ao nosso redor.
No momento em que escrevo, os ucranianos estão sofrendo com as tragédias da guerra. Muitos buscaram refúgio em países vizinhos. Oramos pelos cristãos ucranianos que lutam para viver como seguidores e discípulos de Jesus em tais circunstâncias de conflito e dor. Que os cristãos de todo o mundo respondam com a compaixão de Cristo e assistência prática, especialmente em socorro àqueles dentro de nossas fronteiras.
A Análise Global de Lausanne também está disponível em Espanhol, Francês e Inglês. Envie suas perguntas e comentários sobre esta edição para analysis@lausanne.org. A próxima edição será lançada em maio de 2022.