Enquanto escrevo este artigo, a guerra se intensifica entre Israel e o Hamas em Gaza, deixando um rastro trágico de enorme sofrimento e destruição. Nunca foi tão perceptível a necessidade de mudança nas abordagens militares visando o estabelecimento de uma reconciliação histórica. Meu intuito com este artigo é delinear um caminho à luz de quatro princípios fundamentais, mostrando tanto a israelenses como a palestinos a possibilidade de uma visão pacífica partilhada em meio a este conflito que já se prolonga há um século.
Como advogada cristã palestino-israelense e estudiosa da paz, com uma profunda compreensão das complexidades e nuances desse conflito duradouro, creio que em meio a contextos violentos profundamente enraizados, a reconciliação não é apenas uma boa ideia – é uma necessidade absoluta. É a chave para romper os ciclos de conflito e criar um futuro em que israelenses e palestinos possam coexistir pacificamente. Fundamentada na minha fé, entendo a reconciliação como um mandato divino, que ecoa a resposta de Deus ao fracasso da humanidade através do estabelecimento do seu Reino na terra por meio de Cristo. É nesse contexto sagrado que os seguidores de Cristo são compelidos a participar de forma ativa da restauração da humanidade, lidando com o sofrimento e confrontando a injustiça. Pelo poder transformador da verdade, do perdão, da justiça e da cura, vislumbramos o amanhecer de um novo mundo onde a esperança prevaleça sobre a aflição e a promessa de reconciliação ilumine até os conflitos mais sombrios.
Reconciliação
A palavra “reconciliação” tem diversos significados. No Antigo Testamento, está associada ao conceito de “shalom”, enfatizando a justiça e o amor em uma comunidade.1 Desde o início do período rabínico, entende-se por reconciliação o “tikkun olam” no hebraico, cujo significado é “reparação do mundo’.2 No Novo Testamento, refere-se à obra de Cristo, que venceu a inimizade entre Deus e a humanidade levando ao “shalom” escatológico,3 embora nos nossos dias “reconciliação” refira-se à limitação e desolação humanas, amenizando os conflitos em vez de eliminá-los.
No discurso político, reconciliar-se implica deixar de lado as animosidades do passado, permitindo que antigos inimigos trabalhem juntos,4 algo que pode variar de uma mera “adequação”5 até um futuro partilhado.6 Reconciliação é um processo por meio do qual uma sociedade passa da desagregação para um futuro compartilhado, que inclui a busca por verdade, perdão, justiça e cura. Na prática, a reconciliação é essencial para a construção de um ambiente favorável de governança eficaz que propicie as bases para a justiça econômica e a partilha de poder. Política e reconciliação são processos distintos, porém interdependentes.
A verdade
O nono mandamento instrui os crentes a não dar falso testemunho,7 enfatizando o princípio moral de falar a verdade como reflexo do caráter de Deus. Falar a verdade envolve tratar os outros com justiça, evitando a falsidade, e é essencial para evitar conflitos e promover a reconciliação.8
Falar a verdade é crucial para a cura e a justiça; envolve lidar com histórias controversas, reconhecer erros e criar uma atmosfera de perdão. Em conflitos prolongados, a reconciliação enfrenta desafios como a “mito-história”, em que os fatos são distorcidos com o intuito de criar passados míticos, com grupos que exageram as atrocidades dos inimigos enquanto minimizam os próprios erros. Esse “egoísmo de vitimização” obstrui os esforços pela paz. Outro desafio é a “história contestada”, em que os grupos discordam sobre o que “realmente” aconteceu, sobre as causas e sobre quem seriam os verdadeiros perpetradores e vítimas.9
Ignorar o passado é um grande obstáculo à reconciliação. A amnésia menospreza a dor das vítimas, incentiva a negação entre os agressores e priva as gerações futuras do aprendizado. Reconhecer a verdade por meio da confissão contribui significativamente para que as vítimas experimentem a cura.10 Validar as experiências das vítimas é essencial. Essa postura reconhece que os perpetradores são sistemáticos em destruir identidades, impondo narrativas falsas, deixando as vítimas isoladas e impotentes.11 Falar a verdade possibilita que as vítimas articulem novas narrativas, exponham mentiras, reconheçam a culpa e validem emoções.
Um registro documentado e irrefutado da verdade é essencial para pôr fim aos ciclos de violência, pois cria uma narrativa partilhada ou, pelo menos, histórias diferentes que são reconhecidas mutuamente. Além disso, por meio da memória coletiva, reconhece o passado fragmentado, criando as bases para a cura e para um futuro partilhado.12 Embora seja essencial a longo prazo, esse processo, a princípio, pode levar à divisão, exigindo um processo transformador de “negociação de identidade” que permita que os dois lados liberem aspectos da identidade confrontando as condições que lhes deram origem, tais como a humilhação de um grupo de menor poder ou a integração emocional da identidade do grupo de maior poder que possibilitou atos de violência.13 Estabelecer um registro autorizado de um passado contestado requer uma abordagem imparcial. A legitimidade de “comissões da verdade”, uma prática comum em todo o mundo, depende de que grupos-chave acreditem na sua equidade.14
É essencial equilibrar o que se deve lembrar ou esquecer; o foco excessivo no passado perpetua as divisões, enquanto a memória seletiva é um risco. Considerando que “Quem não conhece a história está fadado a repeti-la”,15 a memória, se usada com sabedoria, oferece alertas antecipados e facilita a cura. Reconhecer publicamente o passado, através da arte e de memoriais públicos, por exemplo, pode permitir a coexistência de memórias concorrentes.16
O ato de perdoar favorece o falar a verdade. Em conflitos duradouros, é importante reconhecer a natureza contestada da verdade, na esperança de que possa haver maior consenso. O perdão mútuo pode ser necessário, bem como o reconhecimento da complexidade da situação e a vitimização mútua.
Perdão
É difícil haver perdão depois de crimes bárbaros, como chacinas. Sugerir que os sobreviventes devam perdoar os agressores pode ser ofensivo, especialmente quando o conflito ainda está em curso. Isso, contudo, é vital para a cura e a reconciliação. Enquanto a verdade partilhada permite a responsabilização e cria uma base para um futuro partilhado, o perdão descarta a vingança, repara a inimizade e constrói uma comunidade política nova e partilhada.17
No cristianismo, o perdão está enraizado no exemplo de Deus e nos ensinamentos de Cristo.18 É uma relação social e parte de uma estratégia mais ampla para vencer o mal com o bem. Quando perdoamos, fica implícita uma acusação que ratifica as legítimas reivindicações de justiça.19 O perdão confronta as injustiças sistêmicas e almeja um mundo justo e reconciliado. Esse compromisso exige sacrifício e esforço, mas traz cura e libertação, interrompendo ciclos de violência.
O perdão é o espaço entre a inimizade e a reconciliação, onde é derrubado o muro de hostilidade criado pelas transgressões, mas a reconciliação em si ainda não existe de forma plena.20 O perdão cria um terreno neutro, preservando a possibilidade de uma eventual reconciliação. Embora alguns talvez prefiram permanecer nessa condição de neutralidade, o perdão visa a restauração do relacionamento, com a possibilidade de algo novo que vá além dos padrões destrutivos.21
O perdão serve como um catalisador da verdade e da justiça. A reconciliação somente é possível através do perdão da injustiça, pois a justiça, por si só, é incapaz de lidar com as injustiças do passado, ao passo que o perdão requer que sejam removidas as causas injustas.22
A memória desempenha um papel importante no perdão. Lembrar nos permite processar os acontecimentos sem negá-los, resgatando-os e interpretando-os à luz do presente e do futuro. Esse processo contribui para a cura e pode gerar empatia pela “humanidade do inimigo”, possibilitando a tolerância23 e até o autoperdão para os agressores. Considerando que Cristo não nos pede para esquecer o passado, mas para redimi-lo, “perdoar e esquecer” transforma-se em “lembrar e perdoar”.24
Justiça
A condenação profética da injustiça está cravada no caráter da fé cristã.25 No entanto, a reconciliação não se baseia na justiça feita e na remoção da causa da inimizade; ela cria um caminho para alcançar a justiça e viver em paz.26 A justiça bíblica generosamente redime e restaura os pecadores; ela não vê divergência entre justiça e misericórdia divinas; se entendermos a justiça em termos de restauração de relacionamentos, então a misericórdia serve à justiça.27
A reconciliação não pode ser alcançada sem justiça, e o perdão não nega a justiça, mas a “entroniza”.28 A justiça, portanto, deve ser buscada no contexto do perdão, pois apenas os perdoadores e os que são perdoados podem buscar a justiça sem corrompê-la.29 Além disso, a punição não se opõe ao perdão; ambos expressam desaprovação e ratificam a dignidade, visando a proteção, a disciplina e a restauração do shalom. Associar o perdão à punição remove obstáculos do passado e cria condições para a paz no presente.30
A justiça tem muitas faces – justiça reparadora baseada na mediação, justiça retributiva baseada na acusação, justiça histórica produzida por comissões da verdade e justiça compensatória alcançada por meio de reparações.31 Integrar esses tipos de justiça em conflitos que se prolongam, observados em vários contextos, é essencial para a reconciliação genuína, apesar de seus obstáculos e desafios.32
A justiça reparadora promove a colaboração entre justiça e reconciliação, enfatizando a cura de relações rompidas, rejeitando práticas desumanizantes do passado. Essa justiça restaurativa visa três objetivos: Estabelecer um registro incontestado das atrocidades; validar as experiências das vítimas, expondo narrativas falsas, confirmando a culpa e restaurando a dignidade; responsabilizar os perpetradores, prevenindo a distorção da realidade e garantindo que a justiça se alinhe com a reconciliação.33
A justiça retributiva é importante para responsabilizar indivíduos. Em sociedades pós-conflito, ela costuma enfrentar desafios devido à dificuldade na coleta de provas. É menos eficaz em regiões de conflito onde as ações legais não são bem-sucedidas. Durante os conflitos, surgem desafios éticos no equilíbrio entre justiça, perdão e paz política. Em termos práticos, o perdão é crucial quando a justiça retributiva estrita enfraquece os esforços pela paz. Às vezes, em prol da estabilidade política, torna-se necessário comprometer a justiça, especialmente o seu aspecto retributivo.34 Embora seja frustrante para as vítimas, não é totalmente antiético firmar compromissos políticos e jurídicos visando a paz.35
A anistia pós-conflito é criticada por negligenciar a justiça. Os críticos rejeitam a resposta “perdoar e esquecer”, defendendo o “lembrar e arrepender-se” para os agressores e o “lembrar e perdoar” para as vítimas. Alinhar a anistia à justiça reparadora é um desafio. A África do Sul associou a anistia à total divulgação da verdade, ao reconhecimento público e ao confronto entre vítima e agressor.36 Esses confrontos públicos, em espaços antes opressores e hoje usados para a justiça, desmantelando a “narrativa da mentira”, fortalecem as vítimas e humanizam os malfeitores, dando início à reconciliação. Expressar a culpa contribui para a justiça, e as comissões da verdade servem como primeiros passos nas iniciativas contínuas de reconciliação.
A reparação é vital para responder às necessidades que as vítimas têm por justiça, reparando simbolicamente os danos. Isso inclui maneiras materiais e não materiais de honrar a sua dignidade, promover a cura psicológica e aliviar tensões. A reparação une o passado e o futuro, compensando as vítimas, contribuindo para a reforma política e um meio-termo quando a hipótese de processar todos os agressores se torna um risco à estabilidade.
Cura
A cura a nível do grupo é essencial para o bem-estar dos seus membros e para diminuir a probabilidade de que o grupo se torne agressor. Indivíduos que vivenciaram traumas precisam se sentir seguros para iniciar sua jornada de cura. Abordar as consequências da violência generalizada numa sociedade é um processo complexo e de longo prazo que envolve comissões da verdade, julgamentos criminais, aconselhamento e apoio. No entanto, é importante reconhecer as limitações desses esforços e a natureza prolongada do processo de cura.
Os programas de cura devem ser específicos para o contexto, integrando iniciativas psicossociais, aconselhamento, treinamento, cura simbólica, programas educativos e grupos de apoio e autoajuda. Da Irlanda do Norte ao Sri Lanka, os grupos de autoajuda em contextos pós-conflito têm desempenhado um papel crucial na reconciliação, unindo indivíduos que enfrentam desafios comuns.37
A cura envolve a reconciliação do sofrimento passado com o presente através de ações pessoais, comunitárias e políticas contínuas. Os programas de cura para crianças também são cruciais para quebrar o ciclo do medo e fortalecer as vítimas.38 Os líderes traumatizados também necessitam de cura para promover a paz social, como aconteceu em Ruanda. Na Bósnia, por sua vez, líderes como o General Mladic, que não passaram pelo processo de cura, perpetuavam a violência.
Conclusão
Lidar com as injustiças históricas e construir relações entre palestinos e israelenses exige um compromisso de muito longo prazo que promova a empatia, a confiança e a coexistência através do discurso público conduzido por autoridades, meios de comunicação social, escolas e pela sociedade civil. Falta aos líderes atuais a abordagem visionária necessária para incutir a esperança. Ansiamos por líderes corajosos, no âmbito local e internacional, que compreendam a necessidade da verdade, do perdão, da justiça e da cura na transição de um passado turbulento para um futuro pacífico. A reconciliação, que transcende as fronteiras políticas e étnicas, é essencial para um destino partilhado. O diálogo sincero pode produzir uma nova narrativa que reconheça o sofrimento partilhado e as histórias conflitantes e aceite o perdão. Ao aplicarmos a justiça em suas diversas formas e embarcarmos numa jornada de cura coletiva, lançamos as bases para um futuro harmonioso, transcendendo as feridas do passado.
Notas finais
- “Shalom” é uma palavra hebraica que significa “paz”. Denota a presença de harmonia e completude, de saúde e prosperidade, de integração e equilíbrio. Shalom é quando tudo está como deveria ser e, portanto, reúne em um só conceito o significado de justiça e paz. Chris Marshall, Little Book of Biblical Justice: A Fresh Approach to the Bible’s Teachings on Justice (Intercourse, PA: Good Books, 2005), 12–13.
- Jacob Wolf Arnold, ‘Repairing Tikkun Olam,’ Judaism 50, no. 4 (Fall 2001): 479-82.
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- Esta frase do filósofo Georges Santayana está na seção final do Volume I de seu livro. Ele argumenta que, se o nosso mundo quiser progredir, precisa lembrar o que aprendeu com o passado. Santayana, George. The Life of Reason Vol. 1: Reason in Common Sense. London: Constable, 1905.
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- Huyse Luc, ‘Justice,’ in Reconciliation After Violent Conflict, 97-115.
- Integrando as quatro faces da justiça, observadas em Serra Leoa (a comissão da verdade e o tribunal penal híbrido nacional-internacional operam lado a lado), em Ruanda (sistema/tribunal Gacaca que funde os objetivos do Ministério Público com a busca da verdade e a reintegração comunitária) e no Timor-Leste (onde uma comissão da verdade serve como mediadora do regresso dos refugiados, da repressão de crimes graves e da restituição e reintegração de crimes menos graves). Há muitos desafios e complicações na tentativa de integrar desta forma objetivos e mecanismos de transição, promovendo soluções criativas e originais. Mark Freeman e Priscilla B. Hayner, “Truth-telling”, em Reconciliation After Violent Conflict, 122-38.
- Anna Scheid, Just Revolution: A Christian Ethic of Political Resistance and Social Transformation (Mayland USA: Lexington Books, 2015), 119.
- Nigel Biggar, ‘Conclusion,’ in Burying the Past: Making Peace and Doing Justice after Civil Conflict, ed., Nigel Biggar (Washington, DC: Georgetown University Press, 2003), 307–330.
- Shriver, ‘Where and When,’ 27.
- Scheid, Just Revolution, 124, 127. Os críticos da Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC) da África do Sul questionam o seu foco na reconciliação, com preocupações que vão desde a ênfase no perdão individual, possivelmente influenciada pelo Arcebispo Desmond Tutu, até a omissão da violência sistêmica do apartheid. As questões processuais incluem a priorização da reconciliação em detrimento da busca pela verdade e das falhas administrativas, como a subutilização dos poderes de intimação e a falta de um requisito de remorso para a anistia. Apesar das críticas, a TRC marcou o início da reconciliação, destacando a necessidade de abordar a violência sistêmica para a justiça e uma mudança social duradoura.
- Brandon Hamber, ‘Healing,’ in Reconciliation After Violent Conflict, 77-88.
- Ervin Staub and Laurie Anne Pearlman, ‘Healing, Reconciliation, and Forgiving after Genocide and Other Collective Violence,’ in Forgiveness and Reconciliation, 224.