Global Analysis

Visão geral – Setembro 2023

Loun Ling Lee ago 2023

Como a obra missionária deve ser realizada em nosso mundo complexo e em constante mudança?

Geralmente, concordamos que “missionários precisam buscar inovação em seus ministérios” para que sua comunicação do evangelho permaneça relevante e significativa. Em “Integração e colaboração inovadoras no campo missionário: Uma abordagem intercultural e holística”, Steve Moon reflete sobre as abordagens e os processos usados para avaliar quais “caminhos novos e criativos, expressos por meio de novas ferramentas culturais e tecnológicas”, seriam apropriados, realistas e fiéis à Palavra de Deus. Essa avaliação requer muita sabedoria prática adquirida por meio da contextualização, integração e “colaboração com pessoas de diferentes disciplinas, setores, gerações e origens”. Esse espírito de integração inovadora aplica-se também ao financiamento de missões. Ele recomenda “integrar abordagens de missões de fé com abordagens de negócios como missão” como “uma solução realista em muitos contextos”. Os dois artigos a seguir ilustram a complexidade dos princípios e práticas financeiras da obra missionária e do ministério cristão em nosso mundo hoje.

 Em “Indo além da captação de recursos para o autossustento missionário: Pensamento, estruturas e práticas para missionários do Mundo Majoritário”, Kirst Rievan discute a seguinte questão: “Existem maneiras de tornar as missões internacionais mais sustentáveis e menos dependentes do Ocidente?” Embora “os sistemas financeiros da maioria das organizações missionárias sejam mais diversificados do que no início”, seu princípio básico ainda é que “os obreiros individuais sejam responsáveis por levantar seu próprio sustento”. Isso representa grandes desafios, especialmente para os obreiros missionários do Mundo Majoritário. O autor revisita “os três modelos gerais para o sustento de missionários internacionais: 1) autossustento, 2) sustento organizacional e 3) híbrido”. Cada um tem variações, pontos fortes e fracos. Ele recomenda mudanças “no pensamento, nas estruturas e nas práticas” e conclui que o uso de “vários modelos” é o caminho a seguir para a sustentabilidade financeira de organizações missionárias internacionais.

“Uma avaliação crítica das dimensões culturais e religiosas da economia levanta novas questões, mas também oferece novas perspectivas de como o ministério pode ser biblicamente fiel no ambiente econômico atual” escreve John Cheong em “Reflexões sobre a economia islâmica para a obra missionária e o ministério cristão: O que podemos aprender com zakat, waqf, e o sistema bancário islâmico”. Ele ilustra como podemos “integrar na missiologia as dimensões socioculturais e religiosas da economia”, particularmente em contextos muçulmanos, “examinando três aspectos da economia islâmica: zakat (donativos/dízimo), waqf (dotações/fundos fiduciários [trustes]) e o sistema bancário islâmico (financiamento sem juros)” e comparando-os à nossa vida e ao nosso testemunho cristão “no que se refere às dimensões socioeconômicas da vida”. Ele espera que, ao fazê-lo, possamos “resgatar um evangelho mais holístico que seja, de fato, uma boa notícia para os pobres”.

O teólogo-ativista Ronald J. Sider demonstrou de forma poderosa esse evangelho holístico através de sua vida, seu ensino e seus textos, como testifica Al Tizon, seu colega e amigo em “O legado de Ronald J. Sider: Cinco elementos que configuram a missão transformacional hoje”. Para ele, o único grande impacto na missão global está em promover a transformação social. Sua motivação para isso “não fluía do altruísmo humanista, mas sim de um discipulado cristão autêntico – um desejo profundo de seguir Jesus de modo fiel e radical perante o mundo”. Desde seu lançamento em 1977, até hoje, em sua sexta edição, seu livro Cristãos ricos em tempos de fome tem desafiado “a igreja ao arrependimento e a uma vida segundo a economia do reino” e isso inclui praticar “uma missão economicamente consciente”. Seu compromisso inabalável com “um estilo de vida simples” e com a não violência, bem como sua exortação aos cristãos para “invadirem o espaço público com a política de Jesus”, influenciaram significativamente o “perfil da obra missionária” e ajudaram a “construir o tipo de sociedade que reflete a paz, a justiça e a retidão de Deus”.

Que os artigos desta edição nos orientem em nossa reflexão, e que o legado de Ronald Sider nos inspire a caminhar e trabalhar no mundo como fez Jesus.

A Análise Global de Lausanne está disponível em portuguêsespanholfrancês, e coreano. Quaisquer perguntas e comentários a respeito desta edição devem ser enviados a [email protected]. A próxima edição será lançada em novembro de 2023

Author's Bio

Loun Ling Lee

Loun Ling Lee é a editora da Análise Global de Lausanne. Ensina “Leitura Missionária da Bíblia” e “Engajamento com as Religiões do Mundo” na Malásia e no Reino Unido. Anteriormente, foi professora de missões no Redcliffe College, Reino Unido, diretora de treinamento da AsiaCMS com sede na Malásia, mobilizadora de missões com a OMF e pastora da Grace Singapore Chinese Church. Hoje, ela faz parte do conselho da OMF Reino Unido.