Global Analysis

Visão Geral da edição de julho de 2018

David TaylorDavid Taylor jun 2018

Bem-vindo à edição de julho da Análise Global de Lausanne, que está disponível também em inglês e espanhol. Aguardamos suas opiniões e comentários sobre esta edição.

Nesta edição examinaremos como os alicerces defeituosos fazem as nações se prostrarem, usando como base a análise da experiência de Serra Leoa; abordamos o abuso de mulheres que ocorre no mundo todo e como o florescer de mulheres na igreja reflete o Imago Dei, que pode ser uma forma de testemunhar; perguntamos como e por que os cristãos devem oferecer cuidados aos sobreviventes de tráfico de pessoas e trauma; por último, revisitamos a questão de equilibrar graça e verdade em nossa abordagem aos muçulmanos e islamismo.

“A Serra Leoa ilustra o papel frequentemente esquecido dos alicerces no determinar do destino de uma nação”, escreve Bowenson Phillips (ex-administrador chefe da Freetown) e Jenny Taylor (jornalista e autora). A Serra Leoa foi pioneira no cristianismo, no comércio e na civilização na África colonial. Os escravos libertos — mais tarde conhecidos como crioulos — que atravessaram o Atlântico desde a Nova Escócia, eram cristãos que se viam como israelitas libertos da escravidão no Egito. Eles fundaram a Freetown em Serra Leoa e dedicaram-na a Deus através de uma aliança. A Serra Leoa prosperou como um farol de luz ao longo de 150 anos, conhecida como a “Atenas da África”.

No entanto, o sucesso da Serra Leoa desmoronou-se rapidamente, depois de lançar alicerces ímpios ou idólatras na sua independência a 27 de abril de 1961. Deslizou da prosperidade para a pobreza extrema, no meio de recursos abundantes, juntamente com múltiplas catástrofes incluindo a guerra. Misericordiosamente, em 2014, a igreja começou a compreender os alicerces sangrentos de 27 de abril na Serra Leoa e começou o processo de redimir a terra, com resultados encorajadores. Como a Serra Leoa, muitas nações estão vacilantes sobre alicerces ímpios. Os peritos lutam para conter os efeitos físicos — crime, corrupção, violência, vício e pobreza — de causas espirituais. As boas notícias são que há princípios, preceitos e precedentes bíblicos claros na base da experiência da Serra Leoa, com os quais a igreja e outras nações podem aprender. “Isto permitir-lhes-á lidar com as raízes escondidas de problemas estruturais que frustram os seus esforços nacionais para um desenvolvimento sustentável,” ele conclui.

“Assédio, agressão e abuso são parte do mesmo pacote no qual as mulheres são vulneráveis e são vistas como presa pelos homens nas sociedades ao redor do mundo,” Tamie Davis (parceira da Church Missionary Society da Austrália). O movimento #meetoo é uma hashtag viral do Twitter que trouxe atenção à magnitude do problema de abuso e assédio sexual. Este é um problema da igreja também. Uma estratégia prevalente tem sido lutar pela igualdade feminina, isto é visto como a chave para levantá-las. No entanto, o significado de “igualdade” pode não ser consistente através de diferentes culturas. Considerando a controvérsia do conceito de igualdade no mundo globalizado, uma forma mais frutífera de respondermos ao abuso das mulheres é com o Imago Dei, isto é, a imagem de Deus. Juntos homem e mulher são a imagem de Deus; são como ele e trazem glória a ele. A doutrina do Imago Dei não atrela a dignidade das mulheres com relação aos homens (sua “igualdade” ou falta dela), mas sim a como são feitas à imagem de seu Criador. Enquanto o conceito de igualdade não tem um apelo igual em culturas hierárquicas e menos hierárquicas, o Imago Dei oferece um terreno comum para ambas culturas honrarem as mulheres. Na Imago Dei, os cristãos possuem os recursos teológicos para buscarem o florescimento das mulheres. “Quando não-crentes olharem para a igreja, se quisermos que vejam Cristo claramente, então devemos ver as mulheres florescendo,” ela conclui.

“Mais de 40 milhões de pessoas foram vítimas da escravidão moderna em 2016,” Kit Ripley (conselheira do programa New Life Center Foundation no norte da Tailândia). Cerca de 71% das vítimas foram meninas ou mulheres. Com mais de 30 anos de experiência de base, a New Life Center Foundation possui uma perspectiva única que informa como oferecer cuidados posteriores aos sobreviventes do tráfico de pessoas e de outros tipos de trauma. Os seguintes princípios podem ser adaptados a outros contextos ministeriais: Se você serve em um contexto transcultural, é importante trabalhar em colaboração com os moradores locais. A programação organizacional nunca deve ser rígida e focada em políticas: cada vítima tem necessidades diferentes. Uma das principais tarefas para sobreviventes de trauma é trabalhar em sua resiliência: as competências sociais podem ser desenvolvidas dentro do contexto dos sistemas da comunidade. Se reintegração com a família for possível, é importante fazer o que for possível para alcançar isso. Não é prático criar um programa específico simplesmente porque um contribuinte quer financiá-lo. Trabalhar com sobreviventes de trauma não é fácil, mas é intencional e gratificante. Os cristãos evangélicos deveriam estar na vanguarda oferecendo cuidados com qualidade para sobreviventes do tráfico de pessoas e outros traumas. “À medida que investimos na cura e restauração dos sobreviventes, refletimos sobre a natureza misericordiosa de Deus e oferecemos um vislumbre do reino que há de vir onde tudo será novo,” ela conclui.

“Muitos cristãos no Ocidente pensam que estão em uma posição de saber o que é o islamismo, e que o islamismo jihadista do Estado Islâmico (EI) está mais próximo do ‘verdadeiro islamismo’ do que o chamado ‘islamismo moderado’,” escrevem Colin Chapman (autor e professor de estudos islâmicos) e John Azuma (professor de cristianismo mundial e estudos islâmicos na Columbia Theological Seminary, Decatur, Georgia). Quando há tantos exemplos recentes de violência jihadista em diferentes países, é fácil assumir que isso nos diz alguma coisa sobre a natureza essencial do islamismo. Muitos muçulmanos são solidários — seja aberta ou secretamente — com alguns dos objetivos do islamismo político. Contudo, a vasta maioria dissocia-se do jihadismo e considera-o uma distorção completa do islamismo. Além disso, embora os textos sejam importantes, não podem ser considerados isolados de todos os outros fatores que contribuem para o jihadismo. Alguns destes fatores são históricos, políticos, sociais, econômicos, religiosos e psicológicos. Alguns jihadistas que vieram da Europa para se juntarem ao EI possivelmente sabiam pouco sobre a ideologia islâmica ou do corão. Tentar perceber as diversas motivações não significa justificar as suas ações cruéis. Muitos cristãos são muito ignorantes com relação ao islamismo. Precisamos de reconhecer os nossos estereótipos de muçulmanos e os nossos preconceitos. Embora sem desculpar a violência, podemos ter de reconhecer que, em certos casos, os muçulmanos têm boas razões para a sua raiva. Eles concluem afirmando que a abordagem da graça é suficiente para alcançar os muçulmanos.

Esperamos que você ache esta edição estimulante e útil. Nosso objetivo é oferecer uma análise estratégica e de confiança, informação, além de pontos de vista e perspectivas para que, como influenciador, você esteja bem equipado para a missão global É nosso desejo que a análise de tendências atuais e futuras e seu desenvolvimento ajude você e sua equipe a tomar melhores decisões sobre a administração de tudo que Deus confiou aos seus cuidados.

Envie suas perguntas e comentários sobre esta edição para [email protected]. A próxima edição da Análise Global de Lausanne será lançada em setembro.

Author's Bio

David Taylor

David Taylor

David Taylor é o Editor da Análise Global de Lausanne. Ele é um analista de relações exteriores com foco no Oriente Médio. Ele trabalhou durante 17 anos no Ministério de Relações Exteriores e da Commonwealth, com foco especial no Oriente Médio e Norte da África. Em sua experiência seguinte, trabalhou 14 anos como Editor para o Oriente Médio e editor adjunto do Daily Brief na Oxford Analytica. David agora divide seu tempo entre trabalhos de consultoria para a Oxford Analytica, o Movimento de Lausanne e outros clientes. Ele trabalha também com a Christian Solidarity Worldwide – CSW, a Religious Liberty Partnership e outras redes internacionais com foco em liberdade religiosa.